Manaus | Quinta-feira
Usando a frase “educação sexual para decidir, anticoncepcional para não abortar, aborto legal para não morrer” virou acessório comum em mochilas, penteados e jeans de jovens pelas ruas e meios de transporte de Buenos Aires nos últimos meses, no indicativo mais visível do interesse popular pelo debate em torno do projeto de lei de aborto recém-aprovado pela Câmara de Deputados da Argentina.
Na noite de quarta-feira, milhares de pessoas fizeram vigília diante do Congresso a despeito do frio de quase 0ºC para acompanhar as 23 horas de votação, concluídas na manhã desta quinta com 129 votos a favor, 125 contra e uma abstenção, aprovando o texto que despenaliza o aborto até a 14ª semana de gestação.
O projeto agora tramitará no Senado. Se aprovado, a expectativa é de que seja sancionado pelo presidente Mauricio Macri, segundo assessores. Ele defendeu o debate sobre o aborto no discurso de abertura do ano legislativo, em março passado.
A mobilização popular – feminina e jovem, em particular – em torno do tema foi considerada crucial pelos próprios parlamentares.
O deputado Daniel Fernando Arroyo, da Frente Renovadora, disse que as jovens passaram a pedir “maior educação sexual e liberdade de decidir sobre seus corpos” e que era necessário ouvi-las.
Horas antes da votação na Câmara, nesta quinta-feira, mais de dez colégios de Buenos Aires foram ocupados por estudantes para manifestar apoio à aprovação da lei.
Com faixas e cartazes verdes – cor escolhida por não representar nenhum partido -, as líderes do protesto argumentavam: “Queremos ter nosso direito de decidir, com liberdade, sobre nossos corpos. Essa é uma dívida da democracia com as mulheres”, disse a adolescente Francisca Lavieri, do ensino médio do Colégio Nacional de Buenos Aires.
Redação Por Natália Dantas