Manaus | 04 de Abril de 2019 (Quinta-feira)
Sendo um dos principais agentes causadores do câncer de colo de útero, o Papilomavírus Humano (HPV) é um vírus transmitido por meio de contato sexual e de acordo com a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), Manaus apresentou percentual de 50,3% de jovens infectados pelo HPV (sendo 33,9% de infecções por HPV de alto risco oncogênico).
A partir disso, uma pesquisa científica está sendo desenvolvida atualmente com a colaboração de vários pesquisadores, dentre eles Prof. Dr. Spartaco Astolfi Filho da Ufam, a Dra. Enedina Assunção, Msc. Roberto Alexandre Barbosa Filho e dos alunos de graduação Lucas Munareto, Priscila Rocha e Arine Heloíse.
Com o intuito de analisar e apurar a composição microbiana em pacientes com microbiota autóctone (normal) e microbiota de pacientes com lesões pré-malignas e malignas. A pesquisa é apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
O objetivo do estudo surgiu com o motivo de descobrir o porquê de 90% das mulheres infectadas por HPV têm suas infecções resolvidas, ou seja, evoluem para a cura, enquanto 10% têm a infecção persistente com progressão para malignidade.
O projeto coordenado pela doutora em Biotecnologia, Cristina Maria Borborema dos Santos, foi desenvolvido no Centro de Apoio Multidisciplinar (CAM) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por meio do Programa de Apoio à Pesquisa (Universal Amazonas) edital n° 021/2011, da Fapeam.
“Ao realizar esse trabalho surgiram inúmeras perguntas, como, por exemplo, se haveria algum fator característico, próprio de cada mulher que estivesse interferindo para persistência do vírus. Se estaria esse fator relacionado ao microambiente vaginal. Queríamos saber o que havia de diferente entre os grupos de mulheres em diferentes condições clínicas. E partimos em busca de uma metodologia por meio de uma busca bibliográfica e no diálogo com pesquisadores com a finalidade de que conseguíssemos obter as respostas às nossas indagações,” disse Cristina.
Participaram do estudo, um total de 187 mulheres residentes em Manaus, a maioria foi atendida na Unidade Básica de Saúde (UBS) Leonor Mendonça de Freitas, localizado na Zona Oeste da capital. Também participaram da pesquisa mulheres atendidas na FCecon, centro de referência na rede pública para mulheres que apresentam lesões pré-malignas e malignas do colo do útero.
Pesquisa
O diagnóstico molecular do HPV foi realizado em todas as mulheres participantes do estudo, revelando uma alta prevalência do HPV16, tipo oncogênico de alto risco para o desenvolvimento do câncer de colo do útero, como pode ser conferido no artigo científico “Prevalence of human papillomavirus, Chlamydia trachomatis, and Trichomonas vaginalis infections in Amazonian women with normal and abnormal cytology”, publicado pelo grupo de pesquisa, como parte dos resultados gerados pela pesquisa.
A doutoranda em Biotecnologia, Évelyn Costa, integrante do grupo de pesquisa, explicou que o gênero Ureaplasma (gênero que abrange bactérias pleomórficas, desprovida de parede celular e envolvida em infeções urogenitais) foi detectado em maior abundância no grupo de mulheres que apresentavam lesões pré-malignas do colo do útero.
Após a coleta, o DNA genômico total foi isolado e, em seguida, foram amplificadas as regiões V1-V2 do gene 16S rRNA. Os produtos foram então sequenciados e analisados por bioinformática, em parceria com a Dra. Tainá Raiol da Fiocruz de Brasília, para este fim.
Foto: Érico Xavier/ Fapeam.
Fonte: Com informações da Assessoria.
Redação por Ana Flávia Oliveira.