Nos últimos dias, em São Paulo, os casos de óbitos por febre maculosa chamou atenção da população para entender melhor sobre a doença.
Com isso, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), por meio do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses, que atua como Serviço de Referência junto ao Ministério da Saúde (MS) para Rickettsioses, preparou um material sobre a doença, com vídeo e perguntas e respostas disponível na página do YouTube.
Febre Maculosa
O primeiro caso da febre no território nacional ocorreu em 1929 e, ainda hoje, a desinformação sobre a doença é a maior complicação para a sua prevenção.
Essa febre é uma doença infecciosa febril aguda, que pode causar desde formas assintomáticas até casos mais graves, com alta possibilidade de óbito. No Brasil, os casos graves estão associados à infecção pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida principalmente pelo carrapato da espécie Amblyomma sculptum, popularmente conhecido como carrapato-estrela.
Os sintomas dela são marcados por febre alta, dores de cabeça, náuseas e vômitos, e seu diagnóstico depende do conhecimento dos profissionais de saúde sobre este agravo, pois compartilha dos mesmos sintomas de outras doenças.
Um exemplo de desinformação é a questão do Estado do Rio de Janeiro que nas últimas décadas, praticamente todos os casos de óbito por febre maculosa tiveram o diagnóstico inicial de dengue.
Em entrevista para a Fiocruz, a pesquisadora Elba Lemos do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), esclarece dúvidas e alerta para a prevenção da doença que já provocou 2.636 infecções, com 920 óbitos, em sua maioria nas regiões Sudeste e Sul.
Em 2023, o país já registrou 49 casos e 6 mortes, de acordo com dados do MS e de Secretarias Estaduais de Saúde.
Transmissão da doença
A doença é transmitida pelo carrapato infectado, não havendo risco de transmissão de pessoa para pessoa.
Para que a infecção ocorra, o carrapato precisa ficar aderido à pele. Se houver lesões na pele, o contágio pode ocorrer no momento do esmagamento do inseto. Uma vez infectados, os carrapatos permanecem assim durante toda a vida.
O tratamento da doença tem como base o uso de antimicrobiano específico e de baixo custo, ministrado por via oral quando o paciente tem condições de ingerir a medicação.
Entretanto, em pacientes graves, com inchaço e vômitos, o antibiótico deve ser ministrado por via endovenosa, além do tratamento de suporte, dependendo da gravidade do caso. O tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível.
Prevenção da doença
A melhor forma de se prevenir é evitando áreas infestadas por carrapato, principalmente durante o período de maio a outubro.
Além disso, vale ressaltar a importância de animais como o cachorro, o cavalo e a capivara no ciclo de transmissão da doença, que, além de fonte de alimentação para os carrapatos, podem auxiliar no deslocamento de vetores infectados e estão próximos ao homem. Por isso, é preciso ficar atento à presença de carrapato nos animais e no ambiente.
Ao ser observado algum carrapato aderido à pele, é importante removê-lo com cuidado e rapidez.
Outro ponto importante: o controle de carrapatos em animais, assim como o uso de carrapaticidas devem ser realizados somente sob orientação de médicos veterinários, profissionais de saúde pública, agricultura e meio ambiente, considerando a concentração do produto, o melhor período do ano para o seu uso, e acima de tudo, os efeitos prejudiciais e a presença de resistência.
Texto: da redação.
Fotos: divulgação.