O Brasil é o país com o maior número de povos indígenas isolados da América do Sul. A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) reconhece 114 registros da presença de povos indígenas isolados no bioma Amazônico e no Cerrado.
Esses povos vivem continuamente resistindo em sua autonomia e ao processo de colonização por meio do distanciamento da sociedade nacional e também de outros povos indígenas.
Com isso, a pesquisa intitulada “Isolados por um fio: riscos impostos aos povos indígenas isolados”, foi desenvolvida com o objetivo de apresentar quais fatores de risco e como eles aumentam a pressão sobre os povos isolados, podendo até dizimá-los. Além disso, indigenistas, pesquisadores e lideranças indígenas alertam que, além da dizimação, a biodiversidade também é afetada.
A partir disso, o estudo dá cinco critérios de risco para os indígenas das regiões, centralizadas nos povos Ituna/ Itatá, Jacareúba-Katawixi, Piripkura e Pirititi. O primeiro risco é de cunho jurídico-institucional, o segundo é o desmatamento ilegal, seguido pelas queimadas, grilagem de terras públicas e mineração ilegal.
Esses níveis de ameaça foram avaliados a partir da combinação dos dados da situação jurídica de cada terra indígena, desmatamento, focos de calor, áreas de garimpo e Cadastros Ambientais Rurais (CAR) sobrepostos às Terras Indígenas do bioma Amazônia.
Desenvolvimento e resultado da pesquisa
O primeiro passo do estudo, foi fazer um levantamento qualitativo e quantitativo da situação jurídica de cada terra, observando as fases de demarcação desses territórios. Logo depois, foi feita a avaliação do desmatamento ilegal e dos focos de calor. Em seguida avaliou-se o nível de grilagem e áreas ocupadas por garimpos no interior dessas terras.
Ao fim das pesquisas, foi construído um mapa de sobreposição das ameaças analisadas, com o objetivo de organizar um risco geral.
Ameaças
De acordo com a diretora de pesquisa, Patrícia Pinho, as terras indígenas estão sendo usurpadas e a fragilidade jurídico institucional aumenta a exposição de povos a terem suas terras invadidas pelos fatores de risco apontados.
No período de 2019 a 2021, a ocorrência de focos de calor aumentou em 441%, causando quase cinco vezes mais incêndios no território. Ainda, as terras indígenas tiveram um aumento em seis vezes de áreas desmatadas.
Além disso, 94% do território tem sobreposição de CAR (Cadastro Ambiental Rural), um indicador da invasão de grilagem de terras, onde passou a ser utilizado ilegalmente para disputar posse das terras.
Ademais, 44 territórios com a presença dos povos isolados ainda não foram demarcados. Apesar dessas terras serem de posse permanente dos indígenas, já que elas habitam, não há um controle de posse, e como consequência, esse direito vem sendo violado.
Equipe de pesquisa
A equipe é composta por cinco pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e cinco da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).
Para mais informações, o grupo de pesquisa lançou uma nota técnica que pode ser lida aqui.
Texto: da redação.
Fotos: divulgação.
Ilustração: Neto Ribeiro/ Portal Pontual.