Manaus | 9 de Setembro de 2019 (Segunda-feira)
Mesmo completando quase 7 meses do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a tragédia ainda mantém marcas. Dados da Secretaria Municipal da Saúde mostram um aumento de tentativas e também de suicídios no município.
Isso mostra a consequência da ruptura da represa de rejeitos de minério de ferro da empresa na população, afetando diretamente na saúde mental dos moradores. Sendo também constatado o aumento nas prescrições de antidepressivos e ansiolíticos (medicamentos para controlar ansiedade e tensão).
“Essa é uma face do adoecimento mental da população. Estamos trabalhando para evitar um quadro ainda pior’’, disse o secretário municipal de Saúde de Brumadinho, Junio Araújo Alves.
Dados preocupantes
Foram registradas 39 tentativas de suicídio na cidade, sendo 11 para homens e 28 para mulheres, apenas no primeiro semestre desse ano. No caso dos suicídios, o número passou de um, em 2018, para 3 este ano.
Pode-se notar que existe um número maior em relação às mulheres, e de acordo com o secretário, “são mulheres que perderam filhos e marido. A sensação de perda para elas é maior para ressignificar a vida”.
Traumas
Segundo o professor Frederico Garcia, do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o trauma sofrido pelos moradores do município se equivale ao de pessoas que passam por países em guerra.
“As pessoas veem tanto a sua vida como seu futuro ameaçados de forma abrupta”, disse.
“É uma situação de sofrimento que pode perdurar por muitos anos. E não se pode minimizar a perda de cada pessoa, seja de parentes, perspectivas, trabalho ou sonhos. Todas as perdas podem ter consequências negativas”, informou Garcia em relação a possibilidade de aumento em doenças mentais, suicídios, uso de drogas e álcool.
Remédios
De acordo com o levantamento da Prefeitura de Brumadinho, o uso de antidepressivos por pacientes da rede pública, foi 60% maior que o mesmo período do ano passado, apenas em agosto desse ano.
No caso dos ansiolíticos, o número chega a 80%, no mesmo período.
Além disso, o uso de risperidona, uma droga utilizada para tratamento de psicoses, agindo no combate a transtornos que envolvem o pensamento, emoções, ansiedade, distúrbios de percepção e desconfiança, sofreu um aumento de 143%.
Foto: Corpo de Bombeiros/ Divulgação.
Fonte: Com informações do Estadão.
Redação por Ana Flávia Oliveira.