Manaus | 27 de Dezembro de 2019 (Sexta-feira)
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que Ancara atenderá a um pedido do governo líbio e enviará tropas para auxiliar no combate ao general Khalifa Haftar, que controla o leste do país.
Para justificar a intervenção, a Turquia se baseia no fato de que o Governo do Acordo Nacional (GNA ou Governo de União Nacional) é reconhecido pela ONU, enquanto o militar não tem legitimidade internacional.
Em Túnis, o ministro do Interior Fathi Bachagha afirmou à imprensa que Haftar “tem oferecido bases militares na Líbia a forças estrangeiras (…) e, se esta postura continuar, temos o direito de defender Trípoli”.
Para justificar a intervenção, a Turquia se baseia no fato de que o GNA é reconhecido pela ONU, enquanto o marechal Haftar não tem legitimidade internacional, embora seja apoiado Rússia e Jordânia, além de Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos, países que mantêm relações tensas com Turquia e Qatar, outro aliado do GNA.
O destacamento de soldados turcos pode agravar o conflito civil que devasta o país desde a queda da ditadura de Muammar Gadafi, em 2011, que foi alimentada por potências regionais rivais.
A sobrevivência do GNA é fundamental para Ancara, que acaba de fechar um acordo que garante ao país o direito sobre extensas zonas do Mediterrâneo Oriental ricas em hidrocarbonetos e desejadas por outros países como Grécia, Egito, Chipre e Israel.
Assim, a Turquia coloca o conflito do país do norte da África no centro de atritos regionais mais amplos.
Em discurso na quinta-feira (26), Erdogan afirmou que a moção para o envio de soldados será apresentada ao Parlamento no dia 7 de janeiro. “Se Deus quiser, poderemos aprová-la em 8 ou 9 de janeiro e assim atender ao pedido [de ajuda militar] do legítimo governo líbio.”
“Apoiaremos com todos os meios o governo de Trípoli, que resiste a um general golpista apoiado por países árabes e europeus”, disse o presidente turco, em referência a Haftar.
Os parlamentares já haviam aprovado no sábado (21) um acordo de cooperação militar e de segurança firmado em 27 de novembro, durante visita do líder do GNA, Fayez al Sarraj, a Istambul. Esse pacto entrou em vigor nesta quinta após ser publicado no diário oficial local.
O acordo permite aos dois lados o envio de militares e policiais para missões de treinamento, segundo autoridades turcas.
Em seu avanço na direção de Trípoli, as forças de Haftar não conseguiram chegar ao centro da capital, mas conquistaram pequenas vitórias nas últimas semanas em periferias ao sul da cidade com a ajuda de combatentes russos e sudaneses, além de drones enviados pelos Emirados Árabes Unidos, de acordo com diplomatas.
Os drones, de origem chinesa, deram a Haftar superioridade aérea devido à capacidade oito vezes maior de carregamento de explosivos em relação aos veículos não tripulados oferecido pela Turquia à GNA, segundo relatório da ONU divulgado em novembro.
“Estão apoiando um senhor da guerra, enquanto nós estamos respondendo ao pedido do legítimo governo líbio. Essa é a diferença”, afirmou Erdogan.
O presidente turco argumenta que as forças de Haftar ainda recebem apoio de uma empresa de segurança russa, dando tração a informações divulgadas na imprensa e desmentidas por Moscou sobre a presença de mercenários russos no país.
Questionado sobre o projeto de intervenção de Ancara na Líbia, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse na quinta que é “pouco provável que a ingerência de um terceiro país” contribua para resolver o conflito. As forças do marechal não estavam disponíveis para comentar a decisão turca.
Segundo o think tank Edam, baseado em Istambul, o destacamento militar de Ancara consistiria em “forças especiais” e “pessoal de combate altamente qualificado”, além de oficiais de inteligência.
O centro de investigação afirma que as operações na Síria permitiram à Turquia adquirir experiência neste tipo de operação.
Foto: EFE.
Fonte: FOLHAPRESS.