terça-feira, julho 1, 2025
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‘A luta diária dos profissionais do Amazonas contra à Covid-19’

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A luta é diária dos profissionais no Amazonas contra o novo coronavírus (Covid-19). O Estado vive numa Guerra sem armas, concretamente ditas, iguais às utilizadas na Segunda Guerra Mundial, entre 1939 a 1945, quando chegou ao fim. Apesar disso, os números de mortes são alarmantes a cada dia.

 

Durante essa luta contínua contra à covid-19, a infectologista Ana Galdina, relatou que teve fases dolorosas, entre elas, o momento que se despediu de pessoas queridas, enfermeiros, técnicos e colegas de trabalho.

Foto: Divulgação

“Eles estavam dispostos a ajudar e, infelizmente, perderam a batalha para a covid-19. Outra fase dolorosa, foi ver os familiares se despedindo dos seus parentes, tanto pelo meio virtual, como pelo físico.  A morte solitária, é algo que ainda não consegui superar, pois as pessoas estão num espaço que não é bom, e tem que se despedir ali”, disse a infectologista.

 Ana Galdina acrescentou ainda, que nesta luta contra à covid-19, é difícil estar em casa com o marido e o filho. “É difícil está com meu marido e meu filho em casa, pedimos que a comunidade entenda o quanto o profissional da saúde está se desgastando, o quanto estamos se sacrificando para tentar atender todos. Pedimos para as pessoas ficarem em casa, atendam o chamado das autoridades sanitárias, porque precisamos da ajuda de vocês”, destacou Ana.

Companheiro ferido

Assim como na Guerra, um soldado de batalha nunca deixa seu companheiro ferido para trás, mesmo com a circunstância, ele tenta fazer o possível para salvar a vida do próximo.

Com a infectologista Ana Galdina, não foi diferente, ela contraiu o vírus em abril de 2020, porém, precisava continuar no trabalho para cuidar e tratar os pacientes. Então, ela foi afastada por dois dias e ficou na sala rosa, em isolamento. Mas após os cuidados necessários teve que retorna ao trabalho no hospital, para dar continuidade aos tratamentos dos enfermos.

“Depois de dois dias, tive que voltar para a fronte de batalha, porque as pessoas precisavam de tratamento. Então, mesmo doente, com febre, tive que ir ajudar as pessoas, assim como outros profissionais. Eu agradeço de ter uma forma que me permitiu trabalhar, mesmo com covid-19, para ajudar as pessoas. A gente tem esperança da vacina, que ela vai amenizar esse quadro. Temos ciência que não será nada de imediato, mas uma perspectiva para que a vida volte ao máximo próximo ao normal, e daqui a um ano, tenho esperança. Vamos vacinar e seguir as orientações”, disse Ana.

 

Dificuldades

A nutricionista Daise Cunha, disse que os profissionais da saúde passam por dificuldades por causa do novo coronavírus, e trabalhou com pessoas que foram contaminadas pelo vírus.

“Eu também fui contaminada pela covid-19, perdi colegas em outros estados e aqui para essa doença. A gente lidar com esse mal diariamente não é fácil, precisamos ter equilíbrio emocional, saúde mental, para conseguir levar cuidados conosco e com os outros. As orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) não são seguidas 100% pela população do Amazonas”, destacou a nutricionista.

Foto: Divulgação

Daise Cunha relatou que ver muitas pessoas sem máscara andando pelas ruas e acredita que os casos têm aumentado por esse motivo.

“O uso da máscara é primordial. Os números de casos têm aumentado, na minha opinião, por causa disto. Com descuido com o uso da máscara, por não lavarem as mãos, higiene pessoal, como a lavagem dos sapatos e roupas. Espero que no próximo ano, tenhamos a vacinação para que possamos voltar à normalidade, e que as pessoas tenham consciência social”, relatou a nutricionista.

 

O enfermeiro Paulo Oliveira, destacou que o Amazonas vive um cenário crítico com hospitais lotados, os casos ainda estão aumentando diariamente, e que o resultado é a imprudência de muitas pessoas que não seguem as orientações da OMS.

 

“Tudo isso está acontecendo por causa da imprudência de muitas pessoas que não seguiram os protocolos de segurança, como distanciamento social, o uso de máscara, e atualmente ainda tem pessoas circulando pela cidade sem a proteção. E a pessoa que já teve o vírus, pode ser reinfectada. Então, peço que não se descuidem, se puderam se isolar, se isole. Protejam suas famílias, as pessoas que são do grupo de risco não saiam de casa”, disse o enfermeiro.

 

 Aumentos de mortes

Foto: Bruno Kelly/Reuters

O presidente do Sindicato Médicos no Amazonas (Simeam)   , Doutor Mario Vianna, ressaltou que é preciso decretar intervenção na saúde do Estado, por causa dos aumentos de mortes que estão ocorrendo por causa da covid-19.

“Queria fazer um apelo ao presidente da república, Jair Messias Bolsonaro (sem partido), na saúde do Amazonas. Estamos perdendo vidas. Algumas semanas vínhamos dando entrevista, dizendo que é um cenário de Guerra, e o caos iria se instalar. É o que vejo hoje, a situação é crítica, é preciso ter um comando unificado, comitê  de crises instalados em vários setores, para poder dar as soluções necessárias para essa situação de guerra que aqui vivemos. Presidente, por favor, consulte seus assessores, e veja que a situação é crítica no estado do Amazonas”, disse Doutor Mario Vianna.

 

“É impossível não ter perdido alguém”

À jornalista Dana Lopes, relata que na situação que está o Amazonas atualmente, é impossível não ter perdido alguém.

Foto: Divulgação

“Perdi amigos, colegas de profissão e pessoas próximas para esse vírus. Para nós (amazonenses), o que está sendo desafiador é manter a nossa sanidade mental, porque não tem como não se abater com os números de informações tristes, no qual os jornalistas têm que levar para as pessoas”, relatou a jornalista.

Dana acrescentou que tem esperança na vacina, que possa amenizar os números de casos e amenizar a dor. “Que possamos esperar dias melhores com a vacina, para amenizar a dor dessas famílias, no qual vem sofrendo com essa doença”, disse.

Casos

A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), por meio do Boletim Diário de Covid-19, edição de nº 296, no sábado (23), confirmou 95 óbitos por Covid-19, sendo 58 ocorridos no sábado (23/01) e 37 encerrados por critérios clínicos, de imagem, clínico-epidemiológico ou laboratorial, elevando para 7.146 o total de mortes.

De acordo com o Boletim Diário, 1.152 novos casos de Covid-19, totalizando 249.713 casos da doença  no Amazonas.

24h              

O governador Wilson Lima (PSC), publicou no sábado (23), o Decreto nº 43.303, que determina medidas mais rígidas de isolamento social. Entre elas, a restrição da circulação de pessoas em vias e espaços públicos de todo Amazonas, nas 24 horas do dia. As únicas atividades que não foram proibidas são os serviços essenciais para a vida.

Manaus está enfrentando um colapso no sistema da saúde por causa dos avanços de casos do novo coronavírus, e no momento, sofre com hospitais e cemitérios com lotação.

A capital amazonense tem aproximadamente mais de 2 milhões de habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (estatísticas IBGE/2020).

Salvar vidas

Os profissionais da saúde têm o objetivo de salvar vidas, que estão na Guerra com um vírus que matou diversos sonhos, desde 2019. E entre os sonhadores, os companheiros de guerra que vestiam fardas brancas, dentro dos Hospitais no Estado.

De acordo com a pesquisa do Observatório da Enfermagem publicada na quarta-feira (13/1), no Brasil, o novo coronavírus tirou a vida de 519 profissionais.

Para o Coren, o número de perdas pode ser maior, pois há subnotificação de ocorrências, uma vez que, segundo a entidade, em pelo menos 43 casos as profissões não foram especificadas.

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Foto: Michael Dantas

 

Por Alessandra Aline Martins

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Eric Lima

Criador do Portal Pontual

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

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