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Sexualidade ainda é vista como tabu no tratamento de mulheres com câncer

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O tratamento contra um câncer pode ter grande impacto na sexualidade do paciente, mas o assunto ainda é pouco discutido no consultório médico. É o que afirma a oncologista do Instituto d’Or Sabrina Chagas, que também é vice-presidente do Instituto Nosso Papo Rosa, projeto de conscientização sobre o câncer de mama, o mais comum entre as mulheres.

A especialista está entre as debatedoras de um painel que discutiu o tema dentro do 8º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, realizado entre os dias 20 e 24 de setembro. Segundo previsões do Inca (Instituto Nacional do Câncer), entre 2020 e 2022, país chegará a mais de 66 mil casos de câncer de mama, o que equivale a 29,7% dos diagnósticos. Nos homens, a incidência é muito menor, com uma média de um caso para cada 100 mil indivíduos.

As mudanças no corpo das mulheres, decorrentes de procedimentos cirúrgicos ou tratamentos como quimioterapia, hormonioterapia ou menopausa induzida, podem afetar o prazer e a autoestima. “Isso pode significar alterações no sentido do ‘eu sexual’, que incluem distúrbios com o prazer e a libido”, diz Chagas. Além disso, afirma a médica, as pacientes enfrentam questões intrapsíquicas, como medo da perda da fertilidade, imagem corporal negativa, depressão e ansiedade.

Um estudo americano publicado no ano passado, que analisou bancos de dados de janeiro de 2009 a julho de 2019, identificou que as principais barreiras para abordar o assunto estão no constrangimento relacionado a falar sobre sexualidade e alterações corporais decorrentes dos tratamentos ou cirurgias –que em alguns casos levam à remoção das mamas. O diálogo é facilitado quando o médico inicia discussões honestas sobre as questões sexuais com a paciente. Para que isso aconteça, são necessários programas de treinamento para esses profissionais, diz Chagas.

A presidente Instituto Papo Rosa, Maria Julia Callas, reforça a importância de escutar as pacientes e respeitar a diversidade de cada uma delas –que não necessariamente terão relação com um homem. “Estamos falando de sexualidade do ser humano como um todo, e faz parte desse acolhimento a possibilidade de o paciente poder falar de maneira livre como ele se identifica.” Na visão da mastologista, houve uma perda na humanização do tratamento oncológico ao longo dos anos.

“Ficamos focados na doença, e o paciente é muito mais do que isso. Ele tem uma caminhada solitária. Por mais que tenha uma rede de apoio grande, só ele sabe as angústias e o medo que sente.” Muitas mulheres, por exemplo, são abandonadas por seus maridos após o tratamento. “[Em vários casos], o par da pessoa está confuso e não sabe como lidar com a situação, levando a uma falta de comunicação no relacionamento. Então, às vezes é o profissional quem consegue puxar o assunto. A falta de comunicação pode levar a uma mudança significativa não apenas na vida de um casal, mas de uma família inteira.”

8º Congresso TJCC (Todos Juntos Contra o Câncer)
Quando de 20 e 24 de setembro
Onde assistir no site congresso.tjcc.com.br

Fonte: FOLHAPRESS

Redação por Bernardo Andrade

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Eric Lima

Criador do Portal Pontual

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

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