Em balanço divulgado nesta quinta-feira (23), a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) apontou o processo de politização, com propagação organizada de fake news, como um dos três desafios a serem superados em 2022 para enfrentamento da pandemia no Brasil.
“Este processo tem combinado a desvalorização de medidas preventivas fundamentais de proteção -como distanciamento físico e social, o uso de mascaras e a higienização das mãos- com a propagação organizada de fake news e a criação de um clima de descredito e desconfiança em relação as vacinas”, diz a Fiocruz.
No documento -cujo título é “um balanço da pandemia em 2021 em um cenário de incertezas e falta de dados”-, a Fiocruz cita as recentes ameaças a diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como exemplo do que chamou de “processo de politização das medidas de enfrentamento da pandemia para a proteção da saúde e da vida da população brasileira”.
Sem citar o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL) -que prometeu divulgar o nome dos diretores da Anvisa favoráveis à vacinação infantil-, a Fiocruz chamou de lamentáveis os ataques à diretoria da agência.
“Em seu mais recente, triste e lamentável episódio, tivemos os inaceitáveis ataques a Anvisa, seus diretores e funcionários, quando da aprovação de vacina necessária e fundamental para a imunização de crianças e para a redução da transmissão do vírus”, diz.
Segundo o balanço, a Anvisa agiu de forma tempestiva e embasada nas melhores evidências disponíveis sobre eficácia e segurança ao aprovar o uso da vacina pediátrica da Pfizer/BioNTech na população de 5 a 11 anos, permitindo ao Ministério da Saúde avançar no planejamento para operacionalizar a imunização desse grupo com a maior celeridade possível.
A vulnerabilidade dos sistemas de informações em saúde também é apontada como desafio.
“As falhas na divulgação de dados sobre a pandemia não são só decorrentes do ataque hacker sofrido pelos portais e sites do Ministério da Saúde, mas combinam vulnerabilidades e fragilidades em todo o processo, que se inicia com preenchimento dos formulários nos estabelecimentos de saúde e municípios”, diz.
As incertezas acerca da variante ômicron configuram, segundo a Fiocruz, outro obstáculo a ser superado.
“A variante ômicron já está em quase 90 países do mundo, tem alta transmissibilidade e entra no Brasil em meio a um ‘apagão’ de dados, o que e grave e tem de ser enfrentado como tal, e a mais um ataque as medidas de enfrentamento da pandemia neste momento: as vacinas para as crianças”, diz.
Por Catia Seabra/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade