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Cresce número de casos suspeitos de hepatite infantil misteriosa no Brasil

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Subiu para 47 o número de casos em investigação da hepatite infantil de causa desconhecida no Brasil, que continua intrigando autoridades da área de saúde.

Há pouco mais de uma semana, eram 28 suspeitas registradas. Agora, o Ministério da Saúde já recebeu um total de 58 notificações de 11 estados –sendo que 11 casos já foram descartados.

“A gente ainda está na fase de entender o que é essa hepatite. O grau de alerta é o de vigilância”, afirma à Folha de S.Paulo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Daniel Meirelles Pereira.

Até esta quarta-feira (18), eram 14 casos em análise em São Paulo, oito em Minas Gerais, cinco no Rio Grande do Sul, quatro no Rio de Janeiro, quatro em Pernambuco, três em Mato Grosso do Sul, três em Santa Catarina, dois no Paraná, dois no Espírito Santo, um no Maranhão e um em Goiás.

Análise feita a partir de 45 casos monitorados por uma sala de situação montada pelo ministério mostra que as crianças têm em média 7 anos. A idade dos pacientes do país varia de 8 meses a 16 anos. 54% são meninos e 46%, meninas.

Os sintomas são de febre, icterícia (pele amarelada), dor abdominal, vômito, diarreia, urina escura e fezes brancas em crianças com histórico saudável. Seria um quadro típico de hepatite, não fosse por dois aspectos: o motivo e, segundo o presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Sáfadi, o maior número de casos graves em relação aos quadros clássicos de hepatite infantil.

“É intrigante a ocorrência desses casos porque a gente ainda não tem uma certeza”, afirma Sáfadi. “Os casos têm sido exaustivamente investigados e não encontram aquilo que geralmente está por trás das hepatites. Ou seja: não é o vírus A, B, C, D e E e também não são hepatites por intoxicação nem medicamentosas.”

Na sexta-feira, o governo federal montou um grupo para acompanhar de perto o aumento de casos e orientar os municípios. O protocolo de investigação prevê a coleta de amostras de sangue, fezes e secreção nasal. O material está sendo analisado pelos laboratórios centrais, ligados ao SUS (Sistema Único de Saúde).

“Nós temos um sistema de vigilância estruturado. Como essa investigação depende muito dos laboratórios de saúde pública, o que a gente espera é que eles consigam responder”, afirma Brigina Kemp, assessora técnica do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo. “Os profissionais de saúde e as vigilâncias municipais precisam das respostas laboratoriais em tempo.”

A OMS (Organização Mundial da Saúde) já recebeu 429 notificações de casos prováveis em 22 países. Dentre esses casos, 26 crianças (o que equivale a 6% do total) precisaram de transplante de fígado.

“A grande maioria das crianças se recuperou, melhorou e teve alta, mas o transplante é um recurso terapêutico que você lança mão quando tem uma hepatite grave, fulminante. Infelizmente, os casos [de hepatite misteriosa] têm se comportado de forma mais grave do que as situações clássicas de hepatite na infância”, afirma Sáfadi.

“Ao mesmo tempo, são menos de 500 casos no mundo inteiro. Ainda estamos falando de uma ocorrência rara”, diz.

Uma das hipóteses é de que a hepatite misteriosa esteja ligada a uma família de vírus chamada adenovírus e a um segundo fator, como uma infecção prévia pelo novo coronavírus.

“O que chamou atenção é que, em uma parte relevante dos casos, eles acharam o tal do adenovírus. É um velho conhecido nosso, mas que nunca foi associado a hepatite em crianças saudáveis”, afirma Sáfadi.

“E aparentemente não houve nenhuma mutação. Ele causa quadros respiratórios, diarreia etc., mas não hepatite. Por isso, o raciocínio da comunidade científica é de que haja um cofator, um outro elemento, além do adenovírus, que esteja determinando a ocorrência dos casos. E o mais provável cofator nesse momento é imaginar que essas crianças se infectaram pela Covid-19 lá atrás”, continua.

A OMS descarta qualquer ligação com as vacinas contra a Covid-19. Na maioria dos casos notificados, segundo a organização, as crianças e adolescentes não tinham sido vacinados contra o coronavírus.

O entendimento tem sido seguido pelo Ministério da Saúde. “Nenhum vínculo com a vacina [contra a] Covid-19 foi identificado”, aponta o informe da Secretaria de Vigilância em Saúde da pasta sobre o caso.

 

 

Por Thaísa Oliveira e Mateus Vargas/FOLHAPRESS

Foto: Reprodução

Redação por Bernardo Andrade

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Eric Lima

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Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

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