Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) investigou a coinfecção por malária e parasitoses intestinais entre os yanomamis.
A pesquisa foi realizada no polo base Marari, no Amazonas, e identificou um alto índice de infecções, principalmente por parasitos intestinais, sendo 81% com microrganismos causadores de doenças como amebíase e verminoses. Já 15% tinham, simultaneamente, parasitose intestinal e malária.
De acordo com o pesquisador e coordenador do estudo, Joseli Oliveira Ferreira, mais de 80% dos indivíduos tinham duas ou mais espécies de parasitos intestinais. Em 20% do casos foram encontradas de quatro a seis espécies diferentes de microrganismos.
Isso se dá pela falta de saneamento básico nas aldeias indígenas e, consequentemente, pelo contato com o ambiente contaminado.
Dentre os parasitos encontrados, o mais comum foi a ameba Entamoeba coli, detectada em 100% dos exames. Essa ameba é considerada um parasito com pouco potencial patogênico, mas pode causar certo desconforto abdominal.
A ameba Entamoeba histolytica foi detectada em 71% das amostras. Já em 20% das análises, foram encontradas Vermes ancilostomídeos, que provocam o amarelão, e Ascaris lumbricoides, mais conhecida como lombriga.
Em menor frequência foi notada a presença do protozoário Giardia intestinalis, que provoca giardíase, e dos vermes Trichuris trichiura, causador de tricuríase, e Enterobius vermicularis que provoca enterobíase também conhecida como oxiuríase.
Todos os participantes da pesquisa receberam o tratamento adequado para as infecções, que segundo os pesquisadores, é fundamental para garantir a saúde e combater a desnutrição.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que em locais com o índice alto de parasitoses, seja feito tratamento periódico com medicamentos antiparasitários.
Entretanto não basta somente o uso dos medicamentos, é necessário que sejam feitas outras ações, principalmente as de saneamento básico, para o controle das parasitoses nas aldeias.
Malária
Além das parasitoses, há um alto índice de malária. Utilizando o método PCR, a infecção foi diagnosticada em cerca de 15% dos indivíduos participantes.
Mais de 80% das infecções são submicroscópicas, ou seja, não foram detectadas por exames de microscopio de gota espessa, usado, geralmente, no diagnóstico da malária.
Pois em áreas endêmicas, os indivíduos adquirem imunidade pela alta exposição à malária e acabam apresentando baixa parasitemia, que é a presença de parasitos no sangue, ou seja, não têm sintomas.
Dentre os casos positivos no exame, a maioria eram crianças, mulheres grávidas e adolescentes, sendo eles os mais vulneráveis à doença.
O exame de gota expessa foi escolhido pois o PCR não tem como ser realizado em áreas muito remotas.
De acordo com os pesquisadores, mesmo com baixa carga parasitária, o mosquito é capaz de se infectar. Além disso, portadores assintomáticos não tratados ou diagnosticados corretamente, podem continuar transmitindo a doença, sendo assim, uma fonte de infecção para o restante dos indivíduos.
A pesquisa contou com apoio financeiro da Secretaria Especial de Saúde indígena (Sesai), Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), além do IOC.
Texto: da redação.
Fotos: divulgação.
Ilustração: Neto Ribeiro/ Portal Pontual.