Um projeto está em desenvolvimento, em parceria com a startup de biotecnologia focada em diagnósticos moleculares de última geração, Reddot Bio, e a Unidade Embrapii de Processos Biotecnológicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) com o objetivo de detectar o material genético do papiloma vírus humano (HPV), principal causador do câncer de colo de útero (ou câncer cervical).
Alguns carcinomas são desenvolvidos por tipos virais. Um dos mais conhecidos é o papiloma vírus humano (HPV), que é um fator causador do câncer do colo uterino. Esse vírus de DNA infecta primariamente o epitélio e pode induzir lesões benignas ou malignas na pele e na mucosa.
A infecção genital pelo HPV é comum em mulheres jovens e geralmente é transitória. Além disso, uma pequena proporção de mulheres infectadas desenvolve câncer cervical, pelo envolvimento de fatores ambientais e fatores genéticos na carcinogênese.
Desenvolvimento do projeto
O projeto, que está em desenvolvimento, tem como objetivo desenvolver um biossensor baseado na tecnologia de nanopartículas de ouro modificadas com uma molécula, para assim detectar o papiloma vírus humano.
Segundo a gerente técnica do laboratório e coordenadora do projeto no IPT, Patricia Leo, para a execução do projeto a Reddot Bio definiu algumas sequências de nucleotídeos com potencial de reconhecimento da sequência do vírus do papiloma humano, por meio de algoritmos e bioinformática.
Ainda, a pesquisadora pontua que os principais desafios do projeto foram escolher os modelos mais adequados de células HPV positiva e encontrar as concentrações ótimas para o ensaio de reconhecimento.
Já o segundo desafio foi encontrar o ponto entre a reação específica de reconhecimento entre amostras HPV positiva diferenciando da reação com amostras HPV negativa.
Saúde pública
Hoje a detecção do câncer de colo de útero pode demorar até três meses no Brasil, entre a primeira consulta médica, os exames, a biópsia e o diagnóstico final. Na rede pública e em locais de menor infraestrutura, esse tempo pode ser bem maior.
Com isso, muitas pacientes desistem das consultas, atrasando uma possível intervenção precoce. Isso traz grandes impactos financeiros para o SUS, pois passa a ser necessário tratamentos mais onerosos, como quimioterapia, radioterapia e, muitas vezes, cirurgias.
O rastreamento desse câncer é feito atualmente apenas pelo exame de Papanicolau, exames conjuntos de Papanicolau e HPV ou teste de HPV primário, que podem detectar a doença pré-invasiva. As pacientes apresentam-se normalmente assintomáticas e são identificadas após o rastreamento.
O diagnóstico do câncer de colo uterino depende muito da extensão da doença, estando sua mortalidade fortemente associada ao diagnóstico tardio e em fases avançadas.
A nova solução
Quando essa solução tecnológica estiver disponível no mercado, os médicos poderão realizar o diagnóstico no próprio consultório. Eles farão a coleta de uma amostra ginecológica das pacientes e colocarão o material em uma solução química com o biossensor para a detecção de material genético do HPV dentro de um chip de tamanho aproximado a um cartão de crédito. O chip será introduzido em uma máquina de pequeno porte que fará a análise da reação química e apresentará o diagnóstico em cerca de cinco minutos.
A estimativa é de que cada teste deverá ter um custo cerca de cinco vezes menor do que todo o processo atual, que inclui consultas, exames laboratoriais e biópsia.
O projeto está em fase final de desenvolvimento e os estudos clínicos devem ser realizados no início de 2024. Já foram iniciados os diálogos com laboratórios para a comercialização do produto.
Texto: da redação.
Fotos: divulgação.
Ilustração: Neto Ribeiro/Portal Pontual.