A Fiocruz Amazônia, juntamente com a Associação Rede Unida e a Rede Unida Itália estão coordenando o Projeto Sonhação, um projeto que trouxe para Manaus um grupo de pajés conhecidos por suas competências em medicina indígena para participarem do 6º Encontro da Regional Norte da Rede Unida, onde puderam repassar seus aprendizados no fórum Medicina Indígena.
Foram dois dias de discussões e debates sobre os métodos medicinais indígenas em conjunto com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, para que as medicinas indígenas façam parte das práticas de saúde nos territórios indígenas do país.
“Entendemos a Medicina Indígena como a arte da cura e quando falamos de arte de cura reconhecemos que todos os povos têm suas práticas de cuidado com a saúde e cura. O que queremos é mudar o conceito. Ao invés de medicina tradicional ou medicina alternativa ou milenar, termos a Medicina Indígena”, afirma o antropólogo João Paulo de Lima Barreto, da etnia Tukano, fundador do Centro de Medicina Indígena, em 2009, onde já atendeu mais de 12 mil pessoas, sendo em sua maioria não indígenas.
Potira Sakuena afirma que “nesta oportunidade, estão recebendo todas as pessoas que compõem o projeto Sonhação, que é um termo de cooperação entre Brasil e Italia, que permite um intercâmbio entre os dois países. Nós estivemos na Itália para conhecer o sistema de saúde em cidades italianas e agora o grupo, tanto do Brasil, quanto da Itália, veio para Manaus para essa discussão acerca das medicinas indígenas”.
Vale lembrar que mesmo sendo um assunto ignorado pelo Governo e pelo SUS, e não tendo apoio de políticas públicas, a medicina indígena é viva nas comunidades e atuante na vida dos indivíduos que a utilizam.
Presente no encontro, o pajé tikuna Oscar Angelo Guilherme, do Alto Solimões, conta que pela primeira vez participa de um evento com pajés e parteiras. “Muito bom ver o resultado do que queremos tornar-se realidade. As autoridades já sabem tudo e junto com SESAI vão melhorar as condições de trabalho para nós. Não ganhamos nada, não temos salário e isso é muito triste para todo mundo”, afirma.
Texto: da redação, com informações da Fiocruz Amazônia.
Fotos: divulgação.