Um projeto intitulado “Refúgios hidrológicos na Amazônia: o papel das florestas sobre lençol freático superficial na mitigação dos efeitos de secas intensas”, está analisando a emissão de carbono durante os períodos de seca.
Apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o projeto verificou que as florestas localizadas em lençol freático superficial, com profundidade menor que 5 metros, emitiram menos carbono para atmosfera do que aquelas localizadas em lençol freático mais profundo.
O projeto é coordenado e desenvolvido pela doutora em Ecologia, Thaiane Rodrigues de Sousa, da Coordenação de Biodiversidade (CBio) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e amparado via Programa de Apoio à Formação e Qualificação de Doutores (Prodoc/Fapeam).
Ainda em andamento, a pesquisa identificou que não é somente a profundidade média do lençol freático que modifica os efeitos das secas, mas o impacto da flutuação temporal também.
A partir disso, observa-se as consequências do efeito estufa durante o fenômeno “El Ninõ”,ocorrido em intervalos irregulares, mais ou menos 5 e 7 anos. Com intensas alterações meteorológicas, se observam secas somente em algumas áreas e chuvas em outras. Quando esse fenômeno ocorre, o volume de chuvas fica menor e o lençol freático funciona como uma importante fonte de água.
Logo, os resultados da pesquisa demonstram que as florestas onde a flutuação do lençol freático ao longo do ano é mais alta, ocorre um menor crescimento e maior mortalidade de biomassa arbórea. Ou seja, é através dessa biomassa que se dá a emissão de carbono.
Equipe de pesquisa
Essas descobertas tem colaboração de pesquisadores do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) e da Rede Amazônica de Inventários Florestais (Rainfor), duas grandes redes de monitoramento de parcelas permanentes sul-americanas.
Apesar do desenvolvimento da pesquisa, os responsáveis apontam que para ter uma melhor análise da situação é necessário avaliar não somente fatores de profundidade e flutuação, mas outras variáveis do ambiente, por exemplo textura, temperatura, déficit hídrico climatológico e fertilidade do solo.
De acordo com a pesquisadora Thaiane Sousa, as florestas sobre lençóis freáticos não apresentam aumento na mortalidade de caules e biomassa durante este período. Já florestas localizadas em lençol freático com profundidade entre 5 e 10 metros, apresentam elevada mortalidade de caules e de biomassa.
Todos esses dados significam que estas florestas foram fontes de carbono para atmosfera durante este período.
Nota-se que esse cenário demonstra a importância da conservação das florestas e das áreas de lençol freático superficial, com a finalidade de compensar as emissões de carbono para a atmosfera e reduzir os efeitos das mudanças cilmáticas.
Texto: da redação.
Fotos: divulgação.
Ilustração: Neto Ribeiro/Portal Pontual.