Uma pesquisa intitulada “Capacitação de mulheres como divulgadoras da percepção das mudanças climáticas em territórios indígenas do Alto Solimões”, está investigando a percepção dos povos indígenas sobre as alterações no clima em Benjamin Constant.
A pesquisa foi realizada nas comunidades Tikuna de Filadélfia, Tikuna de Porto Cordeirinho e Kokama de Santo Antônio. No final, a ação alcançou 50 estudantes de diferentes etnias, entre elas a tikuna, kokama, kaixana e kanamari.
Segundo Marta Patrícia, pesquisadora, engenheira ambiental e bolsista da Fapeam “o projeto Climas tem como objetivo a capacitação das lideranças femininas no contexto de mudanças climáticas, pois as mulheres têm uma maior percepção dessas mudanças devido a forma de trabalho no roçado. Com isso, por lidarem diretamente com a terra, são trabalhadas essas percepções, criando, assim, a valorização territorial”.
Além disso, ela nos afirma que ” a pesquisa trabalha diretamente com memórias, pois sempre perguntávamos dos indivíduos entrevistados sobre as lembranças que eles tinham da sua infância, quando tinham 10 anos e iam pescar ou iam para o roçado com seus pais. E através disso vamos criando, também, a capacitação da educação ambiental”.
Desenvolvimento da pesquisa
Durante o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas oficinas para capacitar e debater com mulheres indígenas sobre as alterações climáticas e seus impactos nas mudanças no mundo e, em especial, na Amazônia.
Essas oficinas duraram quatro dias com a colaboração de pesquisadores vinculados a diversas instituições de ensino e pesquisa, além das lideranças indígenas femininas do Amazonas e alunas dos cursos de Ciências Agrárias, Química, Letras, Pedagogia, Biologia e Antropologia.
Além disso, esses encontros também abriram espaço para abordar a divulgação científica, a oferta de um curso rápido para criação e edição de podcast e um treinamento para produção audiovisual.
Vale ressaltar que os produtos de divulgação da pesquisa desenvolvidos no âmbito do projeto, como as cartilhas e os podcasts, estão sendo traduzidos para a língua tikuna, dessa forma, alcançando maior disseminação dos conteúdos.
Experiências
Marta Patrícia, bolsista do projeto, nos afirma que a sua experiência foi enriquecedora. Ter a interação com todos os dados disponibilizados pela pesquisa só lhe mostraram como a região é rica e como a ciência precisa ser divulgada, para que seja reconhecida a ideia de educação ambiental, formação social de cada povo e de cada terra.
Além disso, ela destaca que lidar com três comunidades tão próximas mas tão distintas, só lhe mostrou como a região é cheia de cultura e identidade.
Por fim, ela disse ao Portal Pontual que ” o Climas não deveria ser só um projeto, ele deveria ser um programa, pelo tamanho da sua importância com assuntos pouco popularizados”.
Apoio
A pesquisa conta com o apoio do Governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) com o Programa Amazônidas- “Mulheres e Meninas na Ciência”.
Além desse, as oficinas contam com a participação de pesquisadores do Inpa, da Ufam em Benjamin Constant e em Manaus, e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O projeto tem uma página de divulgação no Instagram onde todo dia é atualizada. Para acessar a página, clique aqui.
Texto: da redação.
Fotos: divulgação.
Ilustração: Neto Ribeiro/ Portal Pontual.