Artigo de opinião
Título: Manaus Autônoma
Há muito tempo não se via a cidade de Manaus, tomada de trabalhadores autônomos. São homens e mulheres que perderam seus empregos, talvez sua única fonte de renda, mas não desistiram e foram à luta pela sobrevivência.
Em quase todas as esquinas se pode ver bancas de churrasquinhos. Os coletivos foram “tomados” por vendedores de picolé, trufas, livretos, enfim, uma diversidade de produtos, a escolha fica à critério do freguês! Nos semáforos, espaço bastante concorrido e disputado – cada um com seu espaço de trabalho definido -, a cena já é costumeira. Artistas de rua apresentando suas artes em troca de uma moeda; neste mesmo espaço vendedores de água, banana frita e outros produtos. Como se pode ver, então, a luta pelo pão de cada dia é uma verdadeira batalha que já começa na saída de casa, onde enfrentamos os coletivos lotados, disputando espaço para se segurar. Quanto aos argumentos para vender, parece que foi criado um texto que todos podem usar, praticamente é a mesma fala. Será que alguém escreveu esse texto para eles?
Essas são cenas diárias que vimos na cidade. Talvez a pressa faça com que não observemos essa situação ou ela se tornou tão “comum” que já não damos tanta importância. E aqui temos um sério problema: quando as coisas passam a ser tratada de forma “natural” ou “comum”, perdemos, talvez, a capacidade de ver o que está por trás dessa situação que ao meu ver não está restrita apenas à tal da crise econômica tanto propagada, mas, quem sabe, pode estar atrelada a outros fatores. Aqui vai uma pergunta: será que estes jovens não estão tendo sua mão de obra explorada por alguém? Naturalizando essas e outras situações, nos tornamos insensíveis diante do sofrimento e da luta do outro. Toda forma de exploração deve ser combatida.
Sabemos que existe uma crise que não é somente econômica, mas sim, de falta de Ética e moral por parte daqueles que deveriam estar trabalhando para melhorar a vida da população, afinal estes são pagos pelo povo, talvez, este mesmo povo, ainda não tenha atentado para isto. O poder é do povo, o patrão é o povo. Existe sim uma crise, mas uma crise de falta de respeito por parte dos poderes públicos para com a população.
O alto índice de desemprego também, está relacionado, direta ou indireta, às Pecs da vida, elaboradas nos gabinetes, sem consulta à população, tirando direitos conquistado há tempos, fazendo com caminhemos para trás ao invés de seguirmos aperfeiçoando o que já se foi conquistado e lutando para conquistar mais. Exemplo clássico disso é a lei da terceirização, o que fere, rasga e destrói a Constituição Federal, aliás, esta já de tanto remendo, já virou uma colcha de retalho. Os direitos sociais adquiridos e expressos na nossa Carta Magna, estão sendo retirados e a população não pode se furtar de ir à luta para manter o que já foi conquistado.
O retrocesso, sem dúvida alguma, é muito grande e os mais penalizados por essas políticas desastrosas é o povo, aliás, o povo sempre paga a conta no final e já começamos a pagar. O desemprego cada vez mais aumenta e, obviamente, o trabalho autônomo corre junto porque quem tem fome tem pressa!
ANTONIO FONSECA