Manaus | Quinta Feira
Manaus – A administração do ex-governador interino do Amazonas, David Almeida (PSD), pagou R$ 1,5 milhão ao procurador do sogro do deputado estadual Abdala Fraxe (Pode), um dia antes deste, como presidente da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), anunciar o adiamento da posse de Amazonino Mendes como novo governador do Estado. O pagamento foi feito no dia 19 do mês passado e o anúncio ocorreu no dia 20. Um outro pagamento, de R$ 1,5 milhão, foi feito antes de David deixar o governo, no dia 29, completando os R$ 10,5 milhões a serem pagos pela desapropriação de um terreno, no bairro Tarumã, na zona oeste de Manaus.
As informações sobre os pagamentos estão disponíveis no Portal da Transparência do governo do Estado e no Portal de Transparência Fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz). Os pagamentos foram feitos pela Secretaria de Estado de Política Fundiária (SPF) ao procurador do sogro de Fraxe, Ahmad Houach , Carlos Fernando de Oliveira Andrade.
Em junho deste ano, o DIÁRIO DO AMAZONAS informou que, a menos de dois meses da eleição suplementar no Estado, a gestão de David Almeida havia feito o pagamento de R$ 7,5 milhões da desapropriação do terreno. E que Fraxe era candidato a vice-governador do Estado na chapa da então candidata a governadora Rebecca Garcia (PP), ‘Coragem para Renovar’, apoiada por David.
O DIÁRIO tentou, ontem, ouvir novamente David Almeida e Fraxe, sem sucesso. Em junho, a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) informou que os pagamentos foram feitos “de acordo com legislação”. De acordo com nota enviada à reportagem, trata-se de um processo de cinco anos atrás, cujo Decreto foi publicado em abril de 2017, na gestão de José Melo, e começou a ser pago no mês seguinte, na gestão de David Almeida. Fraxe disse que há erros nas informações verificadas pelo DIÁRIO. “Fui eu quem recebi? Não está no meu nome, no meu CPF”, disse. Ele também disse que não conhece Carlos Fernando de Oliveira Andrade.
Quanto à relação de parentesco dos beneficiados com Fraxe, o governo de David alegou que o fato “não foi levado em conta na efetivação dos pagamentos”. “Tanto o processo de desapropriação quanto a publicação do decreto são de gestões passadas e os pagamentos começaram antes da definição da referida chapa. Observa-se, ainda, que o Estado tem feito outros pagamentos de indenizações necessárias em processo de desapropriação na Avenida das Torres e na AM-070 (rodovia que liga Manaus a Manacapuru)”, disse a nota, em junho.
Antes do período eleitoral, David disse: “Eles me disseram que, após as convenções, na segunda, já mandariam nos secretários e eu não seria mais nada de fato. Mas isso não vai acontecer porque eu sou o governador e serei candidato através da Rebecca e do Abdala”. O PTN, de Abdala Fraxe, entrou com várias ações judiciais contra a eleição direta suplementar para governador do Estado, após a cassação do mandato de José Melo (PROS), por compra de votos.
Fonte: D24
Redação