Manaus | Terça-feira
Aproximadamente 270 das 682 pessoas que moram nas nove comunidades do rio Unini, em Barcelos (a 399 quilômetros de Manaus), informaram que foram agredidas por morcegos nos últimos 12 meses, o que corresponde a 39% da população local. Dois irmãos tiveram morte confirmada por raiva humana, no local.
O número de casos de ataques é quatro vezes maior que o registrado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) em todo o Amazonas em 2017, de janeiro até agora. A instituição informou que, de janeiro a novembro, recebeu 63 notificações de casos de humanos atacados por morcegos em todos os municípios do Estado.
Barcelos não havia notificado nenhum caso à FVS. O quadro revela outro motivo de preocupação, também do Ministério da Saúde: a questão cultural, que reflete na subnotificação dos casos.
De acordo com o Ministério da Saúde, toda agressão por morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue) em humanos, se não ocorre de maneira acidental (como durante a manipulação indevida), deve ter uma causa ambiental associada, já que o ser humano não faz parte da cadeia alimentar desses animais. “Assim, deve-se sempre trabalhar junto à população no sentido de alertar que agressões por morcegos hematófagos não devem ser tratadas como algo comum ou corriqueiro”, alerta o MS, em nota.
Medicação deve ser imediata
O uso de soro e vacina antirrábicos, indicado aos pacientes com risco de desenvolver raiva humana por mordedura de animais domésticos ou silvestres, é altamente eficaz e impende o desenvolvimento da infecção se administrado em tempo hábil, garantiu o infectologista Antônio Magela, da Fundação de Medicina Tropical (FMT). “Todas as pessoas agredidas por animais que fazem parte da cadeia da raiva têm que ser vacinadas imediatamente ou de preferência nos primeiros dez dias. Na medida em que os dias passam, o fator de proteção vai diminuindo. Isso é um desafio para as pessoas que vivem em áreas remotas”.