Manaus | 6 de maio, 2020 | Quarta-feira
Após realizarem diversas reuniões e uma votação, os clubes brasileiros tinham decidido trocar um dos dois representantes a que têm direito no pleno do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), substituindo o auditor João Bosco por Luis Felipe Bulus para o próximo mandato de quatro anos, que começa em julho deste ano.
A reportagem apurou que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) se incomodou com a decisão e passou, com a ajuda de algumas federações estaduais e a atuação pessoal do presidente Rogério Caboclo, a pressionar politicamente dirigentes de times para retificarem o voto e escolherem o nome de Bosco, preferido e indicado da entidade.
O pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva é, por lei, composto por membros indicados por diferentes categorias: atletas, clubes, CBF, OAB e árbitros. As equipes têm direito a dois nomes, e a CBF também indica dois julgadores. A entidade agora é acusada de também exigir que os clubes indiquem, em uma de suas vagas, um nome escolhido por ela, para além dos dois aos quais teria direito. Procurada, a confederação disse que “a CBF não participou nem participará deste processo”.
No final do ano passado, alguns clube da Série A começaram a discutir um novo nome para os próximos quatro anos -seus representantes eram José Perdiz e João Bosco, e havia, entre alguns dirigentes e departamentos jurídicos, a avaliação de que Bosco tinha entendimentos mais favoráveis à CBF do que aos clubes em julgamentos envolvendo ambas as partes.
Em uma votação não unânime, com votos favoráveis de pelo menos 12 clubes -a reportagem apurou que Flamengo, Fluminense, Botafogo, Vasco, Atlético-MG, Athletico-PR, Palmeiras, Bahia, São Paulo, Santos, Grêmio e Inter estavam entre eles-, foi tomada a decisão de indicar para o ano que vem, ao invés de Bosco, o auditor Luiz Felipe Bulus. Esse bloco já seria suficiente para garantir a mudança nos nomes.
A partir daí, vários clubes e dirigentes ouvidos pela reportagem relatam uma resposta política agressiva da CBF contra a nomeação. O presidente da entidade, Rogério Caboclo, entrou pessoalmente em contato com os presidentes de clubes para solicitar a nomeação de Bosco e pressionar politicamente contra a mudança. Em São Paulo, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), também atuou entrando em contato com diretorias.