O sepultamento de uma mulher trans que foi vestida de homem pela família para a cerimônia causou indignação na comunidade LGBTQIA+. O caso ocorreu na segunda-feira (11) em Aracaju, capital de Sergipe.
A informação foi divulgada pela vereadora e mulher trans Linda Brasil (PSOL) em uma rede social.
A vítima era conhecida como Alana pelos familiares e amigos e morreu em decorrência de problemas nos pulmões. Colegas dela estranharam o fato do corpo estar vestido no velório como o de um homem cisgênero, com barba, bigode e terno.
Pessoas próximas a Alana ouvidas reservadamente afirmaram que a vestimenta era diferente das roupas que ela usava diariamente e que sua sexualidade nunca foi aceita pela família.
Os colegas afirmaram ainda considerar que o figurino usado no velório e sepultamento foi um ato de transfobia por parte dos familiares.
Moradora do bairro Santos Dumont, Alana morreu no domingo (10) após uma internação para tratar um problema nos pulmões.
Para a vereadora Linda Brasil, o caso revela uma tentativa de negação da identidade de gênero e traz um alerta para a realidade enfrentada pela comunidade LGBTQIA+ no país.
“Já vivenciei vários casos de pessoas trans que morreram por doenças ou foram assassinadas e tiveram sua identidade de gênero negadas pela família. Temos que defender o respeito de uso nome social e a memória dessas pessoas. O Brasil é um dos países que mais mata pessoas LGBTQIA+”, afirmou.
A parlamentar também afirmou que o caso não é isolado e que pessoas trans são vítimas de preconceito e de exclusão em diversos setores do país -inclusive dentro das famílias.
“Que amor é esse que a família desrespeita quem realmente ela era e a identidade de gênero dela? E infelizmente isso não é um caso único. As pessoas trans sofrem com discriminação nas famílias, são expulsas de casa, excluídas do mercado de trabalho muitas vezes e até da sociedade”, disse Linda.
Alana era conhecida por participar de manifestações políticas em Aracaju e de participar de debates na Câmara de Vereadores da cidade e na Assembleia Legislativa de Sergipe sobre as pautas relativas à comunidade LGBTQIA+.
Segundo Jéssica Taylor, dirigente da Transunides, instituição que promove ações sociais junto a pessoas trans de Aracaju, a família não aceitava a orientação sexual de Alana.
“Alana foi desrespeitada pela família, que colocou até um bigode nela e a enterrou de terno, indo contra a sua identidade de gênero. A família não aceitava a orientação sexual dela. Eu achei uma violência. Só quem é trans sabe o que já passou até conseguir assumir a identidade. Nem na grande despedida, que é a morte, ela foi respeitada. Lana morreu de tristeza”.
Por José Matheus Santos/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade