Pelé vai ganhar boinas de presente de aniversário. Ele gosta de usá-las nas idas ao Hospital Albert Einstein, onde passa por quimioterapia. Neste sábado (23), o Rei do Futebol chega aos 81 anos.
Ele fez o pedido a amigos porque tem poucas em seu estoque. Costuma perdê-las, as esquece em qualquer lugar ou fãs as roubam para ter um souvenir do ex-jogador.
Essa é uma das preocupações de Pelé, mas não a principal. O tricampeão mundial com a seleção tem perguntado se terá condições de ir à Copa do Mundo no Qatar, em 2022, segundo amigos disseram à Folha.
Nesta semana, ele recebeu mais um convite para ir à sede do Mundial. Desta vez, para participar da inauguração de um estádio.
Pelé recebeu alta no último dia 30 de setembro, depois de passar um mês internado no hospital paulistano. Ele passou por cirurgia para retirada de tumor no cólon direito, identificado em exames de rotina.
Neste período, entrou e saiu da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) duas vezes.
A preocupação é cumprir uma promessa que fez a si mesmo. Ir ao Qatar na que seria sua última Copa do Mundo in loco.
“No próximo Mundial quero ir e assistir, se Deus quiser. Vou pendurar a chuteira para poder ficar em casa e aproveitar a família. Meus filhos estão todos adultos. Até brinquei com o Tite: ‘se você continuar de treinador da seleção, a próxima Copa vai ser a última que vou jogar. Depois disso, não me convoca mais'”, disse ele em entrevista à Folha em dezembro de 2018.
Desde então, ele já recebeu convites da Fifa, da organização da Copa do Mundo e de diferentes empresas para viajara ao Qatar.
O Mundial disputado na Rússia, há três anos, foi o primeiro em que não esteve presente como jogador, comentarista ou garoto-propaganda desde sua primeira vez no torneio, em 1958.
A recuperação do tumor é mais um problema de saúde (o mais sério) que preocupa em uma viagem longa de avião.
Pelé ainda sofre com sequelas de três cirurgias realizadas nos últimos anos. Uma para colocação de prótese no quadril e outras duas para corrigi-la.
Também sente dores no joelho, problemas que dificultam sua locomoção.
Apesar das variações de humor e da sua quase constante má vontade em fazer fisioterapia, ele tem passado pelas sessões também em dias em que tem quimioterapia.
O Santos já colocou todo seu departamento médico à disposição, mesmo com visitas ao seu apartamento, na região da avenida Paulista, zona central de São Paulo. Pelé recusou.
Para os médicos, as chances de ele se livrar do câncer são boas, já que foi descoberto cedo.
Vacinado contra Covid, Pelé também tem se sentido enjoado por causa do tratamento contra o tumor. As poucas visitas que recebe ficam à distância para evitar contato mais próximo.
Ao completar 81 anos, a rotina não vai mudar. Um dos argumentos para ele se aplicar também à fisioterapia é a possibilidade de ir ao Qatar.
O ex-jogador diz não se importar em ser visto em cadeira de rodas como aconteceu em Moscou, durante o sorteio dos grupos para a Copa da Rússia, em dezembro de 2017.
Mas sua preocupação com a aparência é lendária entre seus antigos companheiros de Santos e seleção brasileira.
Mesmo no hospital, assim que teve melhora na saúde, um de seus primeiros pedidos foi pintar o cabelo, que já estava grisalho.
Um dos motivos de irritação de Coutinho (1943-2019), seu mais famoso parceiro do ataque, era quando Pelé olhava as cabeças cinzas dos seus antigos colegas de equipe e dizia que não precisava pintar o cabelo.
“Só ele não fica velho? Pelé deve ter uma fábrica de tinta em casa”, dizia.
Também para isso, as boinas que ganhará de presente no seu aniversário de 81 anos irão ajudar.
Por Alex Sabino/FOLHAPRESS
Foto: Divulgação
Redação por Bernardo Andrade