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Minas Tênis Clube anuncia rescisão do contrato do jogador Maurício Souza

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O Minas Tênis Clube anunciou nesta quarta-feira (27) a rescisão do contrato do atleta de vôlei Maurício Souza. O central de 33 anos havia publicado mensagens homofóbicas em seus perfis nas redes sociais, em episódio que gerou grande repercussão, e não convenceu na retratação exigida pelo time e por seus patrocinadores.

“Vim para pedir desculpas a todos os que se sentiram ofendidos com a minha opinião, por eu defender aquilo em que acredito”, resumiu o atleta, em um vídeo disponibilizado no Instagram. Em pouco menos de quatro minutos, ele demonstrou que a contrição era, no máximo, protocolar e repetiu uma série de preconceitos.

Foi a gota d’água para a direção do Minas, que se via em uma situação desconfortável com seus patrocinadores. A Fiat e a Gerdau, que bancam a equipe masculina de vôlei da agremiação, exigiam uma posição mais firme da diretoria, que inicialmente apenas publicara uma nota condenando a homofobia de forma genérica.

Pressionados, os dirigentes anunciaram na terça (26) o afastamento temporário de Maurício e a exigência do pedido de desculpa. A retratação foi feita primeiramente em um perfil no Twitter com apenas 51 seguidores, não no Instagram, onde a conta de Souza é verificada e tinha 251 mil seguidores -nesta quarta, com a repercussão, já passava dos 335 mil.

Foi cobrado, então, que o jogador se posicionasse no próprio Instagram, onde havia feito os comentários originais que causaram a comoção. Neles, o atleta criticava o anúncio da DC Comics de que o novo Super-Homem, filho do Super-Homem original, vai se descobrir bissexual nas próximas edições dos quadrinhos.

“Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”, escreveu Maurício, em publicação que se recusou a apagar e continua disponível para visualização. “Infelizmente, a gente não pode mais dar opinião, não pode mais colocar os valores acima de tudo, os valores da família”, acrescentou, já no vídeo do suposto pedido de desculpa.

Logo após o anúncio do Minas, Souza confirmou a demissão. “Agradeço aos meus companheiros, à comissão técnica, ao meu fisioterapeuta, ao meu diretor, à presidência e aos sócios por tudo. Sigo meu caminho plantando o que acredito, meu legado continua! O que deixarei para meus filhos e netos é o que conta no final.”

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com quem se encontrou recentemente em Brasília, o central tem um histórico de declarações e publicações consideradas homofóbicas. “Puta que o pariu, impressionante, né? Tudo é homofobia, tudo é feminismo”, disse Bolsonaro, em defesa do jogador, horas antes da divulgação da rescisão.

Àquela altura, o caso já havia tomado uma proporção grande. O texto sobre o Super-Homem bissexual foi publicado por Maurício em 12 de outubro. Houve, então, uma espécie de discussão virtual com Douglas Souza, seu companheiro de seleção na última edição dos Jogos Olímpicos e membro da comunidade LGBTQIA+.

“Engraçado que eu não virei heterossexual vendo super-heróis homens beijando mulheres”, escreveu Douglas, que hoje atua no voleibol italiano. “Hoje em dia, o certo é errado, e o errado é certo… Não se depender de mim. Se tem que escolher um lado, eu fico do lado que eu acho certo! Fico com minhas crenças, valores e ideias”, respondeu Maurício.

Novas publicações foram feitas, o que incomodou bastante os patrocinadores do Minas Tênis Clube. O clube foi pressionado a se posicionar e o fez duas semanas após a publicação original sobre o Super-Homem. A pressão aumentou, e Maurício deixou claro que não deixaria de defender a sua posição.

“Assim como vocês defendem aquilo em que vocês acreditam, eu também tenho o direito de defender aquilo em que eu acredito. Certo? E precisamos brigar por isso”, afirmou. “Os valores de vocês a gente tem que respeitar a qualquer custo ou a gente é tachado como homofóbico, como preconceituoso. Eu não concordo com isso.”

Aplaudido por Bolsonaro, Souza teve reações majoritariamente negativas no mundo do vôlei. A central Carol Gattaz, que atua no time feminino do Minas Tênis Clube e é bissexual, foi uma das vozes que se levantaram em reação às frases do jogador, cobrando respostas firmes por parte do clube e da sociedade.

“Fico muito triste de ter que vir aqui explicar o óbvio. Homofobia, galera, é crime”, afirmou. “Enquanto as pessoas mascaram esse preconceito como forma de opinião, as pessoas são mortas nas ruas. Liberdade de expressão é uma coisa. Mas, se sua opinião oprime, mata, limita a existência do outro, você não é livre para expressá-la. Não é. É crime. Está na lei”, disse Gattaz.

Maurício, claro, não concordou. “Se fosse algum crime, eu já estaria preso, a polícia já teria vindo aqui em casa me prender. Eu acho que não foi crime nenhum o que eu fiz. Foi apenas defender aquilo em que eu acredito, colocar minha opinião. Se isso ofendeu alguém, mais uma vez, eu peço desculpas, não foi minha intenção”, declarou.

Por Marcos Guedes/FOLHAPRESS

Foto: Divulgação

Redação por Bernardo Andrade

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Eric Lima

Criador do Portal Pontual

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

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