quinta-feira, novembro 21, 2024
HomeEconomiaProposta de 'MEI digital' para entregadores emperra entre governo e aplicativos

Proposta de ‘MEI digital’ para entregadores emperra entre governo e aplicativos

Publicado em

Artigo Relacionado

UEA faz visita técnica em polo petrolífero de Urucu

Pesquisadores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) realizaram, na última terça-feira, dia 30/01,...

Debatida em meados deste ano com o setor privado, a proposta do governo de criar um MEI digital para entregadores de aplicativo não cumpriu os prazos estipulados e, segundo envolvidos na discussão, emperrou e não deve avançar.

A ideia que estava na mesa de negociação criava o MED –um tipo de microempreendedor individual destinado a “trabalhadores digitais”. O Ministério do Trabalho e da Previdência pretendia entregar ao Congresso a minuta final de uma medida provisória em setembro.

A expectativa do setor é que o governo proponha um projeto de lei complementar. Procurado, o Ministério da Economia não se pronunciou.

O objetivo do MED era abarcar diversas atividades intermediadas pela internet, começando pelos entregadores de mercadorias de plataformas como Ube Eats, iFood e Rappi, que totalizariam cerca de 1,5 milhão de entregadores.

No MED, os entregadores contribuíram obrigatoriamente com R$ 55 mensais para conseguir aposentadoria por tempo de serviço, auxílio-doença, pensão e licença paternidade ou maternidade. Não havia modelo fechado sobre a forma de captação, se sairia do bolso da empresa ou do trabalhador.

O governo fez algumas reuniões com representantes de empresas e debatia a criação de um sistema tecnológico que conectasse todas as plataformas a fim de organizar a contribuição entregadores que operam em diferentes aplicativos ao mesmo tempo.

Um dos entraves à evolução do projeto foi a baixa arrecadação do modelo MEI, que não compensaria aos cofres públicos diante do dispêndio do governo para benefícios sociais. Seria um modelo deficitário para a Receita.

O governo chegou a considerar uma arrecadação com o mesmo percentual celetista, em média de 27,5%, o que não agradou as empresas. A partir daí, as reuniões cessaram. Alguns grupos de entregadores reclamaram que não haviam sido chamados para a discussão.

Há mais de 20 projetos no Congresso que versam sobre a atividade de entregadores. A legislação atual autoriza que motoboys e ciclistas que trabalham com delivery tenham inscrição no MEI ou contribuam com INSS de forma individual. A aderência não é obrigatória e muitos atuam fora desse regime.

Enquanto a discussão travou nesse grupo, uma comissão da Câmara dos Deputados realizou audiência na semana passada para debater a regularização profissional dos entregadores, discussão que não chegou a consenso e que deve perdurar nos próximos meses.

Na ocasião, o presidente da Frente de Apoio Nacional dos Motoristas Autônomos, Paulo Xavier Júnior, afirmou que 99% dos autônomos não querem ter carteira assinada.

O MPT (Ministério Público do Trabalho) defendeu que existe vínculo de emprego e a Fecomercio e associações empresariais se mostraram favoráveis ao MEI, sem reconhecimento de vínculo.

O Sindimoto, que mobilizou parte dos entregadores nas manifestações de rua em São Paulo em 2020 e defende o emprego, não foi chamado para a audiência e nem para o grupo que debatia o MED.

A falta de regulamentação tem movimentado ações na Justiça. Ao todo, são 625 procedimentos contra empresas de aplicativos.

O MPT já ajuizou quatro ações contra 99, Uber, Rappi e Lalamove solicitando que a Justiça reconheça vínculo empregatício com os motoristas e entregadores –motoboys e ciclistas.

“Há um mecanismo de controle sutil de funcionamento da atividade. As empresas alegam que a pessoa liga o aplicativo quando quer, mas se ela não ligar, recebe mensagem, se recusar corridas, fica com nota baixa. Muitos não pagam o INSS, os acidentes aumentaram na pandemia e quem salvou foi o SUS”, diz Tadeu Lopes da Cunha, coordenador da Conafret (Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho) do MPT.

As empresas, tanto Uber como 99, rebatem que o Tribunal Superior do Trabalho já reconheceu, em cinco julgamentos, sendo um nesta semana, que não existe vínculo.

A Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia), que representa o iFood, considera que a melhor forma de proteger esses trabalhadores é garantir que haja a sua integração efetiva ao sistema público de Previdência.

“Entende-se, ainda, que uma integração efetiva precisa ajudá-los a superar os entraves burocráticos e manter sua flexibilidade e autonomia, garantindo aos parceiros a liberdade na escolha dos dias, horários e formas de trabalho, sem imposição de turnos ou carga horária mínima, possibilitando sua livre entrada e saída das plataformas”, afirma em nota.

O iFood vai reunir, de 13 a 15 de dezembro, entregadores cadastrados em um fórum nacional em São Paulo para debater demandas da categoria. O encontro foi considerado uma vitória para entregadores, que alegavam falta de diálogo com as empresas durante a pandemia.

Por Paula Soprana/FOLHAPRESS

Foto: Divulgação

Redação por Bernardo Andrade

Últimos Artigos

PF combate esquema de venda de mercúrio no Amazonas

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira, 11, a Operação Mercúrio Conectado, com...

Fiocruz AM realiza atividades na capital e interior durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT)

O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazõnia) realiza uma série de atividades, entre...

Instituto Pontual apresenta resultados eleitorais próximos aos do TSE e inicia pesquisas para segundo turno

No último domingo, dia 06/10, o Instituto Pontual Pesquisa realizou uma pesquisa de Boca...

A três dias da eleição, David Almeida e Roberto Cidade estão em direção ao segundo turno, diz Pontual

O Instituto Pontual Pesquisas realizou estudo eleitoral para a Prefeitura de Manaus e coletou...

Eric Lima

Criador do Portal Pontual

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

Mais artigos como este

PF combate esquema de venda de mercúrio no Amazonas

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira, 11, a Operação Mercúrio Conectado, com...

Fiocruz AM realiza atividades na capital e interior durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT)

O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazõnia) realiza uma série de atividades, entre...

Instituto Pontual apresenta resultados eleitorais próximos aos do TSE e inicia pesquisas para segundo turno

No último domingo, dia 06/10, o Instituto Pontual Pesquisa realizou uma pesquisa de Boca...