Políticos, autoridades, caciques do PL e os filhos do presidente estão reunidos na manhã desta terça-feira em Brasília para a filiação do presidente Jair Bolsonaro ao partido.
Sem partido desde 2019, quando deixou o PSL, pelo qual foi eleito, Bolsonaro já passou por oito partidos desde que iniciou sua vida política, em 1989.
Ele deixou o PSL em meio a uma série de brigas internas e tentou fundar uma legenda própria, o Aliança Brasil. Mas fracassou, sem conseguir nem um terço das assinaturas exigidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para sair do papel.
O PL, por sua vez, é comandado pelo ex-deputado Valdemar da Costa Neto desde a década de 1990 e já compôs do governo Lula (PT), entre 2003 a 2010, com José de Alencar como vice.
Bolsonaro deverá assinar a ficha de filiação em breve junto ao senador Flavio Bolsonaro (de saí da do Patriota-RJ). O auditório do Complexo Brasil 21, em Brasília, estava lotado. Do lado de fora, apoiadores saudavam os políticos que chegavam em clima de Carnaval, ao som de funk.
Na mesa sobre o palco, políticos e autoridades bolsonaristas de diferentes partidos, como os deputados Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, e Marcos Pereira (Republicanos-SP); os senadores Romário (PL-RJ) e Fernando Collor (Pros-AL); a ex-deputada Flávia Arruda (PL-DF), possível candidata do partido ao governo; e diversos ministros, entre eles Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), que também tem a expectativa de se filiar à legenda.
“Estou feliz de ele [Bolsonaro] estar se filiando ao PL, que é um partido grande, tem tempo de televisão, tem uma estrutura e está nos recebendo de braços abertos. Então tem tudo para dar certo, sim”, declarou o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho mais novo do presidente, à imprensa.
Questionado se também se filiaria ao partido, ele disse que, “primeiro é o presidente, depois é o resto”, mas “acha que sim”.
TROPA BOLSONARISTA
No Congresso, o PL tem se movimentado para atrair o maior número possível de parlamentares fiéis a Bolsonaro. Estima-se que, somente do PSL (partido pelo qual o presidente se elegeu em 2018 e que acabou rompendo no ano seguinte), ocorrerá uma migração de 20 a 30 nomes, segundo afirmou ao UOL um deputado da legenda.
Os cálculos são endossados pelo PL, que vive a expectativa de, alavancado pelo bolsonarismo, formar a maior bancada na Câmara no ano que vem -hoje, o partido é o terceiro, com 43 deputados, atrás do PT (com 53) e do PSL (54).
“As negociações em cada estado vão evoluir agora a partir dessa decisão do presidente e da filiação das pessoas próximas, que escolherão entre o PL, PP e Republicanos. Teremos ministros se filiando para mostrar a força dessa aliança de três partidos e outros que virão para a reeleição do presidente”, declarou Ricardo Barros, à imprensa.
Uma das condições impostas por Bolsonaro para aderir ao PL foi a indicação de nomes para disputas de governos estaduais, entre os quais São Paulo, Rio de Janeiro e estados do Nordeste. Em SP, o presidente tenta convencer Tarcísio a investir na empreitada.
No local, ele foi saudado por apoiadores como “futuro governador de São Paulo”, mas não comentou a possibilidade.
Procurados na última sexta-feira (26), membros do PL afirmaram que o convite a Tarcísio foi reforçado durante a última semana, mas que ainda não havia uma resposta. Segundo eles, o entrave momentâneo não seria a opção pela legenda em si, e sim a questão do cargo.
Tarcísio estava disposto a se candidatar a uma vaga no Senado, mas tem sido pressionado a aceitar a oferta para disputar o governo de SP.
Indagado se a decisão ficaria para a última hora, um representante do PL afirmou que tinha tudo para ser a “cereja do bolo”.
IDAS E VINDAS
O “casamento” entre Bolsonaro e PL (forma como o presidente costuma se referir à aliança) ainda nem foi formalizado e já teve idas e vindas, como as arestas que impediram a cerimônia que havia sido marcada para 22 de novembro.
Na ocasião, uma semana antes, Valdemar da Costa Neto foi ao Palácio do Planalto para conversar pessoalmente com o presidente e acertou os detalhes da filiação. O fato foi imediatamente divulgado à imprensa.
Nos dias seguintes, houve um recuo por parte de Bolsonaro, que exigiu mais espaços de poder dentro da legenda (privilégio na indicação de candidatos e veto a costuras regionais entre o PL e partidos de esquerda).
O PL se mexeu internamente e, apesar dos focos de resistência a Bolsonaro -como a oposição do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM)-, decidiu que o chefe do Executivo federal e concorrente à reeleição no ano que vem teria “carta branca”.
Bolsonaro confirmou verbalmente o desfecho do impasse na última quarta-feira (24). “Está tudo certo para ser um casamento que seremos felizes para sempre.”
Por Lucas Borges Teixeira e Luma Poletti/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade