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F-1 ignora violações de direitos humanos por seu 1º GP na Arábia Saudita

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No próximo domingo (5), a F-1 terá pela primeira vez uma etapa disputada na Arábia Saudita.

Será a estreia da parceria firmada pelos próximos dez anos com o governo local, que fez a categoria passar a ser alvo de uma onda de críticas por se associar a um país acusado de violar constantemente os direitos humanos.

A decisão de realizar uma corrida na nação do Oriente Médio não foi bem aceita dentro e fora do paddock da modalidade. A Anistia Internacional foi uma das primeiras a se manifestar.

Alertou que a promoção do evento poderia desviar a atenção de acusações das quais o governo liderado pelo monarca Salman bin Abdulaziz Al Saud, 85, é alvo.

O príncipe Mohammed bin Salman é acusado de mandar matar o jornalista opositor Jamal Khashoggi, em 2018, dentro da embaixada saudita em Istambul.

Já a ONG Human Rights Watch defende que a realização do GP deveria estar condicionada à libertação de mulheres que desafiaram a proibição de dirigir no país.

“A F1 é mais um evento esportivo de uma série crescente na Arábia Saudita que aparentemente tem como objetivo encobrir os sérios abusos contra os direitos humanos que são praticados no país”, escreveu a entidade.

Pilotos como o inglês Lewis Hamilton, da Mercedes, e o alemão Sebastian Vettel, da Aston Martin, manifestaram-se contra corridas em países que não respeitam os direitos humanos.

Nada disso, porém, foi suficiente para demover a Liberty Media, grupo americano que controla a categoria, de sua ideia de realizar a prova.

O plano já estava sacramentado desde março de 2020, ocasião em que os americanos fecharam um contrato de dez anos com a Saudi Aramco, gigante estatal saudita de petróleo e gás natural.

Foi o primeiro acordo de patrocínio global assinado pela Liberty desde 2017, ano em que o grupo comprou o campeonato então sob as rédeas do inglês Bernie Ecclestone.

Segundo o site SportBusiness.com, a F-1 vai receber da Saudi cerca de US$ 40 milhões (R$ 224 milhões) por temporada.

Para concluir o projeto de usar a categoria para a promoção internacional da Arábia Saudita foi necessário também a construção de um autódromo.

O local escolhido foi a cidade de Jeddah, que fica às margens do Mar Vermelho. As obras foram concluídas apenas na segunda quinzena do mês passado.

A pista de rua poderá ser o local que consagrará o holandês Max Verstappen, da Red Bull, como mais novo campeão mundial, dependendo de uma combinação de resultados envolvendo o único oponente que ainda pode tirar o título dele: Lewis Hamilton, da Mercedes -a corrida será às 14h30 (de Brasília).

Levado a correr na Arábia Saudita, o heptacampeão anunciou que vai usar novamente um capacete com as cores da bandeira LGBTQIA+, a exemplo do que fez na última etapa, no GP do Qatar.

Ele afirmou, ainda, que a presença do Mundial em solo saudita tem de ser uma oportunidade para colocar luz nos problemas do país.

“Conforme as competições esportivas vão para esses locais, elas têm o dever de colocar em foco esses problemas. Esses lugares precisam de escrutínio. Os direitos iguais são uma questão séria”, disse.

Até 2018, a Arábia Saudita não permitia que mulheres pudessem dirigir. A liberação ocorreu depois de 30 anos de reivindicação à monarquia saudita.

Antes, se uma mulher desafiasse a proibição, ela poderia ser condenada a anos de prisão, receber multas e chibatadas. O argumento para a linha dura era que, no volante, elas estariam mais expostas a assédio sexual e ao pecado.

Nesse cenário, era difícil uma jovem ter o sonho de ser piloto. Mas esse era o desejo de Reema Juffali, 29, que em 2018 se tornou a primeira mulher saudita a competir profissionalmente no automobilismo.

Ela tirou a licença assim que a proibição caiu.

Em três anos, Juffali já marcou presença em categorias como MRF Challenge 2000, F-4 e F-3 britânicas.

Na terceira categoria na escala que pode levar um piloto à F-1, a saudita terminou o último campeonato na 18ª colocação, tendo um quarto lugar como seu melhor resultado do ano.

Por seu pioneirismo, a principal categoria do automobilismo mundial a convidou para ser embaixadora do GP da Arábia Saudita.

“Estou ansiosa para participar do fim de semana da corrida e espero que a minha história possa servir de inspiração para quem está pensando em seguir o seu sonho”, afirmou Juffali.

O caminho para as mulheres sauditas poderem trilhar seus sonhos livremente ainda é longo num país em que as leis são tão restritivas. Basta lembrar que, meses antes da realização da prova, o Ministério do Esporte divulgou um “código de condutas e vestimentas” para os envolvidos na realização da corrida.

No documento, no qual havia mais orientações destinadas às mulheres do que aos homens, o governo local vetava, por exemplo, o uso de saias, shorts ou peças que terminem acima do joelho, vestidos com alças à mostra ou abertura nas costas, roupas com transparência e apertadas.

Após repercussão negativa nas equipes de F1, além de críticas da imprensa internacional, o código foi revogado.

No entanto, as mulheres locais ainda precisam seguir as mesmas regras, assim como muitas outras determinações que violam as liberdades individuais na Arábia Saudita.

Por Luciano Trindade/FOLHAPRESS

Foto: Divulgação

Redação por Bernardo Andrade

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Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

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