Após a maioria das capitais brasileiras cancelarem as festas de Réveillon em razão da variante ômicron, Maceió manteve a festa e será a única do Nordeste a realizar o evento à beira-mar.
A última capital a anunciar o cancelamento foi o Rio de Janeiro. Na manhã deste sábado (4), o prefeito Eduardo Paes (PSD) disse que queria fazer a festa, mas que o governo do estado era contra.
“Respeitamos a ciência. Como são opiniões divergentes entre comitês científicos, vamos sempre ficar com a mais restritiva. O Comitê da prefeitura diz que pode. O do Estado diz que não. Então não pode. Vamos cancelar dessa forma a celebração oficial do réveillon do Rio”, escreveu.
A Prefeitura de Maceió, sob gestão João Henrique Caldas (PSB), ignora, até aqui, as recomendações do MP-AL (Ministério Público Estadual), da AMA (Associação de Municípios Alagoanos) e do Comitê Científico do Consórcio Nordeste e tem marcadas festas em sete palcos espalhados pela cidade no dia 31.
A prefeitura alega que como Maceió é “uma das capitais do Brasil com maior eficácia na vacinação contra a covid-19”, com “mais de 80% da população imunizada”.
“A redução de casos, internações e mortes refletem a importância da imunização e já possibilitam que os maceioenses comecem a retomar a rotina, seguindo as medidas necessárias”, diz o município, em nota divulgada na última terça (30).
O município diz ainda que as festividades de Réveillon terão “todos os cuidados que esse tipo de evento ainda requer”, mas ressalta que “a realização das festas dependerá da situação sanitária do país com relação à Covid-19 e dos decretos dos protocolos sanitários que estarão vigentes no período”.
Na quarta (1º), o MP-AL recomendou a todos os prefeitos alagoanos que “se abstenham de realizar quaisquer festividades públicas pertinentes ao Natal e Réveillon, uma vez que, além das aglomerações, os eventos incidirão em gastos de recursos públicos”.
Para isso, argumenta que várias outras capitais do país cancelaram as festas e que a variante ômicron tem maior grau maior de transmissão, e a possibilidade das aglomerações poderá fazer com o que o estado volte a ter um alto número de contaminados.
O presidente da AMA, Hugo Wanderley, também pediu que os colegas prefeitos sigam a recomendação. Ele afirma que o pedido foi feito em consenso com o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas.
“Nossa preocupação sempre foi e vai continuar sendo preservar vidas. Mas também preservamos os recursos públicos, evitando que as prefeituras façam contratações de festas, que depois podem não ser realizadas”, afirmou.
Na sexta (3), foi a fez do comitê científico do Consórcio Nordeste pedir o cancelamento das festas, indicando que, apesar da ocupação baixa de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) e da estabilização em baixa no número de casos e mortes, apenas 51,4% da população no estado têm ciclo vacinal completo.
“A pandemia existe e deve ser considerada. Ainda não existe segurança sanitária para quaisquer atividades presenciais sem protocolos de distanciamento, proteção e testagem, principalmente em grandes aglomerações como as de final de ano e carnaval”, afirma.
Procurada pela reportagem nesta sexta, a prefeitura reafirmou o conteúdo da nota e afirmou que o Réveillon, a princípio, segue mantido. A Secretaria Municipal de Saúde não quis comentar o tema.
Maceió é um dos destinos mais procurados por brasileiros e estrangeiros no país na alta temporada. A ocupação hoteleira em Maceió no último feriado prolongado, de 15 de novembro, foi de 92%, segundo a Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) de Alagoas. A expectativa é que os hotéis fiquem lotados para a virada de ano.
Em Maceió não há decreto -nem municipal, nem estadual- que obrigue eventos a adotar o passaporte sanitário.
Alagoas tem tradição de realizar grandes festas de Réveillon não só na capital, mas em praias mais distantes, como São Miguel dos Milagres (a 100 km de Maceió).
Por Igor Melo e Carlos Madeiro/UOL/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade