Depois de segurar a divulgação de relatório sobre aumento do desmatamento na Amazônia antes da COP26 (Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas), o governo Jair Bolsonaro (PL) celebrou queda nos alertas de devastação no mês de novembro.
Os ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e da Justiça, Anderson Torres, anunciaram nesta terça-feira (14), no Palácio do Planalto, redução de 19% do desmatamento na região em comparação com o mesmo mês de 2020.
Os dados são do Deter-B (Detecção do Desmatamento em Tempo Real) e mostram que a área desmatada no último mês ficou em 249 km². Em outubro, o índice havia sido o maior para o mês em cinco anos.
Já a alta da devastação na Amazônia de agosto de 2020 a julho de 2021 foi de 22% sobre o ciclo anterior, índice mais elevado desde 2006. Este dado foi consolidado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em 27 de outubro e divulgado apenas no dia 18 de novembro.
Em 31 de outubro teve início a COP26, em Glasgow, no Reino Unido. Na conferência, o governo Bolsonaro escondeu o recorde de desmatamento da Amazônia em 15 anos.
O governo Bolsonaro tem minimizado os dados do relatório omitido na COP. Diz que o próximo ciclo deve ser positivo. Os ministros atribuem melhoras mensais a uma operação conjunta entre órgãos da Justiça e do Meio Ambiente.
O Ministério da Defesa e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), que lideraram as ações de combate ao desmatamento ilegal nos anos anteriores, foram afastados das ações mais recentes do governo na região.
A militarização do combate a ilícitos ambientais durou 16 dos 34 meses do governo Bolsonaro, custou R$ 550 milhões aos cofres públicos e não derrubou os índices de desmatamento da Amazônia, como a Folha mostrou em reportagem publicada no dia 24 de outubro.
Ao todo, foram três operações, cujos decretos presidenciais deram amparo legal a três intervenções militares: Verde Brasil, Verde Brasil 2 e Samaúma.
Os ministros afirmam que a queda de desmatamento desde agosto é de 12% sobre o ano anterior.
Na COP26, o governo Bolsonaro anunciou um plano para zerar o desmatamento da Amazônia em 2028, uma antecipação de dois anos em relação à meta anterior.
Joaquim Leite disse que os números dos últimos meses mostram que o Brasil está “na direção correta” para atingir esta meta.
Por Mateus Vargas/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade