A Petrobras anunciou nesta terça-feira (14) que cortará em 3,1% o preço de venda da gasolina em suas refinarias. A redução, de R$ 0,10 por litro, começa a valer nesta quarta (15) e acompanha a queda das cotações internacionais do produto.
É a primeira redução no preço do combustível desde o dia 12 de junho. Após o corte, o preço médio de venda da gasolina nas refinarias da estatal será de R$ 3,09 por litro. Não houve alteração no preço do óleo diesel.
Com a redução desta quarta, a alta acumulada do preço de refinaria da gasolina em 2021 cai para 68%. Nas bombas, o combustível acumulava, até a semana passada, aumento de 36% no ano, já descontada a inflação do período.
Em nota, a Petrobras afirmou que o ajuste “reflete, em parte, a evolução dos preços internacionais e da taxa de câmbio, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina”. Nas últimas semanas, os preços internacionais foram impactados por temores sobre a variante ômicron.
O cenário levou o presidente Jair Bolsonaro (PL) a afirmar no início do mês que a Petrobras estava prestes a anunciar redução de preços. O reajuste não ocorreu na semana indicada pelo presidente da República, mas uma semana depois.
As declarações de Bolsonaro geraram um novo processo na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para apurar o cumprimento das regras de divulgação de notícias, fatos relevantes e comunicados por empresas com ações negociadas em bolsa.
No dia seguinte, a Petrobras divulgou nota dizendo que não havia decisão tomada sobre reajustes e reforçando que não antecipa eventuais decisões a autoridades.
Logo após a repercussão, Bolsonaro negou ter tido informações privilegiadas. “Precisa ter bola de cristal para saber que tem que diminuir o preço da gasolina, caindo o (petróleo) Brent? Caiu acho que US$ 10. Eu falei isso aí, pronto: ‘informação privilegiada'”, disse a apoiadores no dia 6.
A escalada dos preços dos combustíveis durante o ano provocou estragos na popularidade do presidente e foi o principal fator de pressão inflacionária no país, empurrado o IPCA acumulado em 12 meses para 10,74% em outubro, o maior valor para o período desde 2003.
A política de preços da Petrobras trabalha com um conceito conhecido como paridade de importação, que simula quanto custaria para trazer os combustíveis do exterior para o mercado interno. O modelo é criticado pela oposição e por sindicatos, mas defendido pelo setor de petróleo.
“A Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”, afirmou a estatal.
Por Nicola Pamplona/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade