O senador Alessandro Vieira tenta o apoio do Cidadania, partido ao qual é filiado pelo Sergipe, para a candidatura à Presidência do ex-juiz Sergio Moro, do Podemos.
A iniciativa põe em risco um plano de criar uma federação partidária com o PSDB, foco principal do presidente da legenda, Roberto Freire.
As federações partidárias, criadas por lei em setembro, permitem a união entre partidos políticos e devem durar pelo menos os quatro anos do mandato.
Se alguma sigla deixar a essa espécie de coligação antes do prazo, sofre punições, tais como a proibição de utilização dos recursos do Fundo Partidário.
O prazo para obter o registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é de seis meses antes das eleições, ou seja, em abril de 2022.
A articulação pela federação interessa aos tucanos. Por isso, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pré-candidato à Presidência, se reuniu com o parlamentar no dia 15 no Senado, em uma conversa de última hora, para tentar conter a ameaça à medida.
O encontro contou com a presença do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e do coordenador político da campanha de Doria, Antônio Imbassahy.
A pressão de Vieira decorre de uma aliança regional do senador, já que, em julho, a ex-delegada Danielle Garcia se filiou ao Podemos.
Contra o impasse, membros do Cidadania já avaliam convencer Vieira a não disputar a Presidência e concorrer ao governo do Sergipe, o que o deixaria livre para fazer alianças no estado. Por outro lado, também diminuiriam o alcance das críticas ao novo acordo com os tucanos.
Em conversa com a reportagem, o senador Alessandro Vieira informou que possui “excelente relação pessoal com Moro e Renata Abreu (presidente nacional do Podemos)”, mas enfatizou que “não existe negociação” entre o Cidadania e o Podemos.
“As composições estaduais não têm nenhuma vinculação com o cenário nacional”, afirmou.
Procurados, Imbassahy e Freire não responderam aos questionamentos da reportagem. Já a assessoria de Doria se limitou a afirmar que o encontro foi fechado.
Por Lucas Valença/FOLHAPRESS
Foto: Pedro França
Redação por Bernardo Andrade