A Prefeitura de São Paulo, gestão Ricardo Nunes (MDB), decidiu cancelar o Carnaval de rua deste ano.
A decisão se deve ao aumento de casos de coronavírus causados pela variante ômicron e à epidemia de influenza.
A Secretaria de Saúde afirmou ainda que não é recomendável fazer o evento no autódromo de Interlagos, como havia sido aventado.
No início de dezembro, a Vigilância Sanitária já havia aconselhado o prefeito a não realizar a festa de Réveillon na avenida Paulista, e o evento acabou cancelado.
Na última terça (4), Nunes disse à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que a prefeitura estudava transferir o desfile de blocos de Carnaval, que arrastam multidões às ruas, para o Autódromo de Interlagos.
Essa, segundo ele, era uma das soluções estudadas “para garantir a segurança sanitária na cidade e, ao mesmo tempo, a realização da festa, que gera milhares de empregos”.
A declaração foi feita no mesmo dia em que o Rio de Janeiro cancelou a realização do Carnaval de rua.
Outras cidades com festejos tradicionais, como Olinda e Salvador, também já riscaram a folia da agenda deste ano. A lista de municípios chega a pelo menos 58 no interior paulista, litoral e Grande São Paulo.
Na quarta (5), o secretário Edson Aparecido afirmou que os primeiros dados analisados pela Covisa mostraram que o grau de disseminação da variante ômicron do novo coronavírus segue um gráfico que aponta para um rápido crescimento de contágio em um curto espaço de tempo.
Nos últimos dez dias, segundo ele, os atendimentos de pacientes suspeitos com Covid-19 cresceram 30% na cidade, apesar de ainda não terem impactado nos hospitais da rede municipal.
Aparecido lembrou que, com uma variante com um grau de transmissibilidade muito acentuado, como a ômicron, a cidade deverá ter meses de janeiro e fevereiro pressionados pelo aumento de Covid-19.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, somente nos quatro primeiros dias de janeiro foram realizados 32.403 atendimentos a pessoas com sintomas respiratórios, sendo 18.267 suspeitos de Covid-19, nas unidades de saúde da capital.
O mais recente sequenciamento genético feito pela secretaria em parceria com o Instituto Butantan apontou que a variante representa 50% de prevalência entre os casos pacientes com o novo coronavírus na cidade.
O percentual de prevalência pode ser ainda maior, já que os números, divulgados nesta terça-feira (4), são referentes à semana dos dias 12 a 18 de dezembro.
A pressão para o cancelamento da folia na capital veio também do governo estadual.
Ainda na quarta-feira, o médico João Gabbardo, coordenador do comitê científico que aconselha a gestão João Doria (PSDB) nas decisões para o combate à pandemia, disse que “é impensável manter o Carnaval de rua sem controle de vacinação”.
No Carnaval de rua, lembrou, não há como fazer o controle e fica liberada a participação de qualquer pessoa. “Não não tem como acompanhar se [o folião] está vacinado. A aglomeração é imensa”, disse.
“A recomendação é evitar que isso [Carnaval] aconteça, porém, a decisão cabe em súmula àqueles que dirigem o comando das prefeituras”, afirmou o governador, na mesma entrevista coletiva.
Também na quarta, o Fórum de Blocos de Carnaval de Rua de São Paulo, a União Blocos Carnaval do Estado de São Paulo e a Comissão Feminina de Carnaval de São Paulo cancelaram a participação no Carnaval de rua paulistano.
As entidades também afirmaram que não participariam do evento caso ele fosse realizado em um local com entrada controlada, como o Autódromo de Interlagos.
Os grupos representam 250 blocos que estavam inscritos para a folia –ao todo, a capital recebeu inscrição de cerca de 680 blocos.
Eles alegam insegurança sanitária para participação do evento, falta de consenso entre as três esferas políticas e não inclusão dos blocos e coletivos nas tratativas da organização.
Pouco antes do Natal, grandes blocos, como os das cantoras Daniela Mercury e Glória Groove, já haviam cancelado os desfiles em São Paulo.
Por Fábio Pescarini/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade