Em total desrespeito à Lei 9.504/97 que proíbe propaganda em templos religiosos no Brasil, o pastor Moisés Melo, da Igreja Assembleia de Deus no Amazonas (Ieadam), foi flagrado por internautas, no sábado passado pedindo aos fiéis que votem no deputado federal Silas Câmara (Republicanos) para mais um mandato de deputado federal e em seu irmão, o coronel da PM Dan Câmara, para deputado estadual, nas eleições deste ano.
A campanha eleitoral antecipada e ainda realizada em um “bem de uso comum” — classificação de templos religiosos dada pela Lei Eleitoral — aconteceu durante o “Seminário Estadual de Homens de 2022”.
Mas não foi só essa a única ilegalidade cometida pelo pastor Moisés Melo e o deputado federal Silas Câmara. Eles desrespeitam até mesmo resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que normatiza a veiculação de propaganda eleitoral.
A pregação do pastor Moisés Melo induzindo os fiéis a votarem e trabalharem para reeleger o deputado Silas Câmara e eleger seu irmão Dan Câmara foi transmitida ao vivo pela Rede Boas Novas (RBN), ou seja, uma concessão pública utilizada para interesses eleitorais.
Além de que a explícita propaganda eleitoral feita pelo pastor desrespeita datas e horários para propaganda político-eleitoral determinados pelo TSE.
O pastor diz Amém!
“O nosso deputado Silas precisa, em Manaus, de pelo menos 50 mil votos. Mas nós podemos chegar a dar 80 mil se nós quisermos, ou até mais. Os homens creem assim. Amém! Em Manaus, fora o interior do Estado. Os nossos queridos Dan e Silas, só Manaus pode elegê-los, o que vier do interior será uma bênção. Quantos creem que isso é possível digam glória a Deus”, prega o pastor no último sábado (23) no “Encontro de Homens”, transmitido pela TV Boas Novas.
O Radar Amazônico entrou em contato com a assessoria de comunicação do deputado Silas Câmara solicitando uma explicação para o evento político durante culto que deveria ser religiosos. Até a publicação desta reportagem, não houve retorno.
Histórico
Essa não é a primeira vez que Silas Câmara é alvo de denúncias por crimes eleitorais — se bem que nunca acontece nada. Em 2020, durante as eleições municipais, desrespeitou a lei e fez comício dentro de um Centro de Educação de Tempo Integral no município de Borba (a 208 quilômetros de Manaus) — também classificado como bem de uso comum pela Lei Eleitoral — para pedir voto para o então candidato a prefeito, Raimundo Santana de Freitas, conhecido como ‘Toco Santana’ (Republicanos), apoiado por ele
Ao longo dos anos, Silas Câmara tem sido alvo de inúmeras denúncias de mau uso do dinheiro público, numa delas o deputado teria se apropriado indevidamente de salários dos seus funcionários, desviando para suas contas pessoais, a conhecida prática da rachadinha.
Depois de 11 anos do processo se arrastando na Justiça, estava marcado julgamento em fevereiro de 2022. Mais uma vez o julgamento não aconteceu! Como por um “milagre” o processo sumiu da pauta de julgamento.
Conteúdo Radar Amazônico
Foto: Reprodução/TV Boas Novas