A paciente que aparece em uma filmagem sendo estuprada pelo anestesista Giovanni Quintella Bezerra enquanto estava dopada durante uma cesárea chorou ao saber do crime e tomou um coquetel contra o vírus HIV, segundo a delegada Bárbara Lomba, que está à frente das investigações.
Ela ligou para a mulher nesta quarta (13). “Foi [uma conversa] emocionante, ela está muito abalada psicologicamente, chorou comigo no telefone, mas disse que tem condições de falar, que vai prestar declarações. O filho está bem, ela voltou a amamentar agora, porque ficou impossibilitada logo depois [do parto]”, afirmou.
“Eu quis falar com ela mais para prestar solidariedade, dizer a ela que se sinta protegida, que não será exposta e que o agressor está preso e vamos fazer tudo que tiver ao nosso alcance para terminar a investigação e comprovar esse crime”, completou a policial civil.
De acordo com Lomba, a paciente “certamente” tomou os medicamentos para evitar a doença sexualmente transmissível, porque o procedimento faz parte do protocolo em casos de estupro -assim como outras duas mulheres sedadas pelo médico naquele domingo (10) devem ter tomado.
Essas duas testemunhas, que também deram à luz no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti (RJ), são esperadas para prestar depoimento nesta quinta. No total são seis casos em investigação, sendo que três das vítimas já prestaram depoimento formalmente nesta semana.
A Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), porém, apura cerca de 30 nomes de pacientes que passaram por procedimentos com ele. Grande parte desses nomes constam em uma lista fornecida nesta quarta pelo Hospital Estadual da Mãe de Mesquita, onde o médico também atuava na Baixada Fluminense.
Os investigadores ainda aguardam a lista do hospital de São João de Meriti e de uma terceira unidade. “Acabei de saber que houve o contato da direção de um outro hospital em que ele trabalhou, não me lembro qual, vou entrar em contato de volta. Esse diretor se disponibilizou para fornecer a relação das pacientes”, disse Lomba em frente à delegacia.
A delegada afirma não saber ainda em quantos hospitais Giovanni Quintella atuou durante o pouco tempo como anestesista. Seu título foi registrado em abril, mas ele já havia se formado na especialidade antes. Na unidade de São João de Meriti, trabalhava há cerca de dois meses.
A paciente que aparece na filmagem deve depor junto com o marido, que já relatou ter tido que sair da sala de parto após o nascimento do bebê a pedido do médico. Mas os investigadores ainda aguardam contato da advogada do casal para definir uma data.
Segundo Lomba, Quintella ficou calado no dia em que foi preso, e sua defesa não se manifestou até agora. Questionada, a delegada disse que “uma pessoa ligou nesta quarta pedindo o número do processo para que estudasse, mas [essa pessoa] não pediu para conversar”.
No processo eletrônico do Tribunal de Justiça do RJ, Pedro Yunes Marones de Gusmão aparece como advogado do anestesista. A reportagem tentou contato pelo telefone do seu escritório, mas não recebeu resposta.
Por Júlia Barbon/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade