Na zona sul de São Paulo, mulheres transexuais em situação de vulnerabilidade social têm encontrado motivos para sorrir, às vezes chorar, mas sempre se divertir. Com apoio do programa Eu Faço Cultura, ingressos para espetáculos teatrais são disponibilizados gratuitamente a moradoras do Casarão Brasil, uma ONG de acolhimento e capacitação para a população LGBTQIAPN+.
Eu Faço Cultura é uma iniciativa da Fenae (Federação Nacional das Associações de Empregados da Caixa Econômica Federal) em que empregados ativos e inativos da Caixa destinam parte do IRPF (Imposto sobre a Renda da Pessoa Física) -até 6% do imposto devido-, por meio da Lei Rouanet, para o financiamento de produtos culturais.
O acesso gratuito aos produtos financiados é disponibilizado para estudantes da rede pública, idosos, deficientes, microempreendedores, população de baixa renda e pessoas em vulnerabilidade social.
É o caso das mulheres do Casarão Brasil, que só neste ano já foram a oito peças financiadas pela iniciativa da Fenae.
Além de acompanhar o progresso escolar e a capacitação profissional de mais de cem pessoas, a ONG, fundada em 2008, conta com um centro de acolhimento exclusivo para mulheres trans, atualmente com 30 residentes.
Rogério de Oliveira, presidente da ONG Casarão Brasil, diz que a plataforma Eu Faço Cultura é um suporte importante. “São pessoas marginalizadas, sem recursos financeiros, que podem assistir a dramas, comédias ou musicais. Algumas delas tiveram a possibilidade de ir ao teatro pela primeira vez.”
O Casarão tem apoio da Prefeitura de São Paulo por meio do projeto Transcidadania, que promove a reintegração social de travestis, mulheres e homens trans em situação de vulnerabilidade.
Recebendo uma bolsa-auxílio, os participantes têm a oportunidade de concluir o ensino fundamental e médio, além de ganhar qualificação profissional.
Os beneficiários ainda recebem acompanhamento psicológico, jurídico, social e pedagógico durante a permanência no programa, que dura dois anos. A inserção cultural também é incentivada.
Natasha Alves, uma das moradoras do Casarão, fica emocionada ao falar sobre suas experiências no teatro. Ela diz que estudou artes cênicas e adora tudo sobre o tema. “Sinto os espetáculos, é como se estivesse atuando”, diz.
Companheira de Natasha, Patrícia Pelegrine é um exemplo do êxito do projeto. Ela já concluiu o seu período de estudos e agora é funcionária registrada, diz, com orgulho, do Casarão. “Eu só tenho a agradecer por tudo isso”, afirma.
“A expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos no Brasil. A transfobia é diária, por isso a importância de ações de acolhimento, saúde, segurança, direitos humanos e cultura”, declara Rogério de Oliveira.
A sede da ONG Casarão Brasil fica na avenida Ricardo Medina Filho, 603, na Lapa, zona oeste da capital. O atendimento funciona de segunda a sexta das 9h às 18h.
O centro de acolhimento para mulheres trans é fica na rua Igará-Paraná, 94, no Campo Grande, zona sul. O atendimento é 24h.
Por Bruno Lucca/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade