A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) afirmou nesta quarta-feira (27) que as negociações para compra de doses de vacinas contra monkeypox (varíola dos macacos) para países do continente americano estão avançadas, mas as doses devem ser limitadas neste ano.
“Nós temos esperanças de que vamos ter vacinas neste ano […] limitadas, porque temos somente um produtor e será pouco a pouco”, afirmou Marcos Espinal, subdiretor interino da Opas.
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, afirmou nesta segunda (25) que não há previsão de vacinar toda a população contra a varíola dos macacos e que a prioridade deve ser o isolamento dos casos confirmados e orientações sobre as formas de contágio.
“Não há previsão de vacinação em massa em relação à monkeypox em nenhum país do mundo. São grupos específicos, que as autoridades sanitárias ainda não têm consenso”, disse.
Atualmente, a vacina Jynneos, da farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, é o único imunizante licenciado no mundo para a varíola dos macacos. Ela já foi aprovada para prevenção da doença por importantes agências internacionais, como o FDA (Agência de Drogas e Alimentos dos EUA) e a Comissão Europeia.
Outra possibilidade é a utilização de vacinas que foram desenvolvidas para prevenção da varíola comum. Um desses casos é a ACAM2000, da Sanofi, que está sendo utilizada contra a monkeypox nos Estados Unidos.
No entanto, ainda são necessárias maiores evidências da eficácia desses imunizantes na prevenção de monkeypox, já que eles foram elaborados inicialmente para varíola comum. “É importante ressaltar que as evidências disponíveis sobre eficácia e segurança [dessas vacinas] são limitadas”, afirma Andrea Vicari, chefe da unidade de gestão de ameaças infecciosas da Opas.
Ele ainda chama atenção que não há recomendação de vacinação em massa para a varíola dos macacos. Profissionais de saúde de alto risco de exposição ou aqueles que trabalham em laboratórios com manipulação direta do vírus são grupos prioritários para o recebimento dos imunizantes.
Também é possível imunizar aqueles que tiveram contato com uma pessoa que recebeu diagnóstico positivo da doença. Isso acontece porque, a depender do momento do contato, as vacinas conseguem prevenir o desenvolvimento da doença mesmo após a exposição ao patógeno.
Vicari também afirmou que faltam evidências sobre se pessoas mais velhas vacinadas contra a varíola comum anos atrás, quando ainda eram crianças, teriam proteção para monkeypox. “Nós temos muitas incertezas quanto a isso”, diz.
Ele cita que já foram reportados casos de pessoas com mais de 50 anos, que devem ter sido vacinadas contra a varíola comum, com monkeypox. “Demonstra que é um risco em pessoas que foram vacinadas […] contra a varíola que poderiam também ser infectadas com a varíola dos macacos.”
PREVENÇÃO
Além da vacinação, outras medidas podem ser tomadas para prevenção da monkeypox. A principal delas é evitar o contato direto com as lesões de pessoas infectadas, já que essa é a forma mais comum de transmissão do vírus.
Grande parte dos casos atuais está sendo reportado em contextos de contato sexual. Os mais afetados são homens que fazem sexo com outros homens com múltiplos parceiros sexuais. Sendo assim, diminuir o número de parceiros sexuais é apontada como uma medida para evitar a infecção.
Mesmo assim, é importante evitar a estigmatização dessa população. Marilu Valdez, diretora-adjunta da Opas, esclarece que a doença não é restrita a esses homens. “Qualquer pessoa, independentemente do seu gênero ou orientação sexual, pode se infectar com a variola dos macacos.”
Por Samuel Fernandes/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade