Roraima – Reeleito no pleito do ano passado, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), enfrenta uma grave crise no início do segundo mandato, com os olhos do Brasil e do mundo voltados para a crise dos indígenas Yanomami e com familiares dele na mira de operação da Polícia Federal.
Logo início de janeiro deste ano, veio à tona a crise sanitária vivenciada pelos indígenas e o governador pró-garimpo chegou a acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante viagem a Roraima, quando o petista veio verificar a grave situação dos Yanomami.
A situação crítica dos indígenas ganhou repercussão nacional e evidenciou a falta de apoio e auxílio do Governo do Estado, que, segundo especialistas, foi omisso durante quatro anos.
A omissão de Denarium com os índios ficou escancarada e o governador passou a ser duramente criticado e cobrado.
O governador Antônio Denarium piorou ainda mais a situação ao declarar, em entrevista concedida a um veículo de comunicação nacional, que os índios deveriam se “aculturar e parar de viver como bichos”.
A afirmação polêmica gerou revolta de pelo menos 60 entidades, que emitiram nota de repúdio classificando a fala do governador como “preconceituosa” e total falta de desrespeito com as tradições e costumes dos povos indígenas.
Além disso, o jornalista e vereador de Boa Vista, Bruno Perez (MDB), protocolou junto a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) pedido de impeachment contra Denarium pela fala discriminatória.
Cerco fechando
Não bastasse a crise dos Yanomami, o governador Bolsonarista de Roraima passou a enfrentar outro problema nesta semana ao ter familiares dele alvos de operação da Polícia Federal deflagrada nessa sexta-feira, 10.
Batizada de “BAL”, a operação investiga uma organização criminosa que teria movimentado pelo menos R$ 64 milhões nos últimos dois anos, dinheiro oriundo da comercialização de ouro ilegal.
Nas primeiras horas dessa sexta-feira, os agentes estiveram fazendo buscas e uma “varredura” na cada da irmã do governador, Vanda Garcia, e do sobrinho dele, Fabrício Souza de Almeida.
A PF investiga a possível participação deles no esquema milionário de lavagem de dinheiro.
Embora não seja um dos alvos da operação “BAL”, o governador teve o primeiro mandato voltado para beneficiar a classe dos garimpeiros. Ele sancionou duas leis que incentivam a atividade garimpeira no estado.
Mesmo após ser duramente criticado, o governador não mudou posicionamento. No entanto, a leis foram revogadas pela Justiça por serem consideradas inconstitucionais.
Anderson Soares, para O Poder
Foto: Divulgação