domingo, junho 8, 2025
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Verdes e liberais alemães começam a negociar governo com sociais-democratas

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Líderes dos partidos alemães Verdes e FDP anunciaram que vão começar nesta quinta (7) negociações com o Partido Social-Democrata (SPD) para tentar formar uma coalizão de governo.

Se chegarem a um acordo sobre programas e cargos, os três partidos garantirão maioria dos assentos do Bundestag (Câmara dos Deputados) para governar: terão 416 cadeiras, 48 a mais que o necessário.

Seria a primeira coalizão de três partidos na história alemã do pós-guerra da Alemanha e marcaria o fim dos 16 anos de governo democrata-cristão, liderado pela primeira-ministra Angela Merkel.

O anúncio da preferência pelo SPD, feito pelos co-presidentes dos Verdes, Annalena Baerbock e Robert Habeck, e confirmado depois pelo líder do FDP, Christian Lindner, torna mais improvável a pretensão da União (CDU-CSU), partido de Angela Merkel, de tentar se manter no poder.

Os sociais-democratas, do candidato a premiê Olaf Scholz, elegeram o maior número de deputados em 26 de setembro, com 25,7% dos votos, uma vantagem de apenas 1,6 ponto percentual sobre a União. Como as regras alemãs não determinam que o futuro premiê saia do partido mais bem votado, o candidato da CDU, Armin Laschet, afirma ter a intenção de liderar o próximo governo.

Para isso, ele precisa necessariamente de um acordo com os Verdes e os liberais do FDP, que ficaram em terceiro e quarto lugar nas eleições, com 14,8% e 11,5% dos votos, respectivamente. Sem as duas siglas, a única forma de a União obter a maioria das cadeiras parlamentares é uma improvável coligação com o SPD, que não abriria mão do cargo de premiê.

Os líderes Verdes afirmaram que um governo com os sociais-democratas faz mais sentido, já que há “grande quantidade de sobreposição de propostas” entre os dois partidos. Durante a campanha eleitoral, Baerbock e Scholz várias vezes concordaram em temas como aumento de tributos para os mais ricos e aceleração do combate a emissões de gás-carbônico, em oposição a Laschet, da União.

A coligação “semáforo”, em alusão às cores dos três partidos (vermelho, dos sociais democratas, amarelo, dos liberais, e verde, dos ambientalistas), é a preferida por 52% dos eleitores alemães, segundo pesquisa divulgada nesta terça, contra 22% da chamada “Jamaica” (preto, da União, amarelo e verde).

Analistas acreditam que ainda será preciso muita negociação para azeitar a coalizão semáforo. O FDP defende controle dos gastos públicos, que teria que ser relativizado para dar espaço a programas sociais-democratas de melhora das aposentadorias e mais investimentos do Estado.

Em 2017, uma tentativa de coligação Jamaica foi abandonada depois de seis meses de negociação, levando a União a se unir ao SPD para garantir o apoio ao governo de Merkel. Desde 2018, Olaf Scholz é ministro das Finanças nesse gabinete.

Lindner, porém, afirmou que as crises atuais não permitem que o país leve muito tempo para formar um governo, e disse esperar que as conversas “acionem os poderes da imaginação”. Segundo ele, o FDP só se unirá a um “governo de centro, que fortaleça o valor da liberdade e dê um verdadeiro impulso à renovação do nosso país”.

O liberal também declarou que a afinidade política do FDP é maior com a União que com o SPD, e que uma coligação Jamaica não está descartada se as negociações para o semáforo fracassarem.

Entenda a formação do governo alemão. Que candidato ganhou a eleição na Alemanha?
Nenhum. Os eleitores alemães não votam em candidatos a primeiro-ministro, mas em deputados, que vão depois eleger o chefe de governo.

Por que então os partidos lançam candidatos?
Para que os eleitores saibam, quando decidem votar em determinado partido, quem será o primeiro-ministro caso essa sigla tenha sucesso em montar um governo.

O primeiro-ministro é o candidato do partido mais votado?
Não necessariamente, embora o partido mais votado adquira cacife político para atrair partidos para uma coalizão.

Já houve premiês que não eram do partido mais votado?
Sim. Na eleição de 1976, a União obteve, por exemplo, quase 49% dos votos, mais de cinco pontos percentuais à frente do SPD, mas o primeiro-ministro social-democrata Helmut Schmidt continuou no cargo após renovar a coligação com o liberal FDP e somar 253 deputados, 5 além da metade dos assentos.

Qualquer candidato pode tentar formar uma coligação?
Sim, não há nenhuma regra que impeça isso. Nesta eleição, ainda que a União tenha ficado 1,6 ponto percentual atrás do SPD, seu candidato, Armin Laschet, anunciou no domingo (26) que tentará formar um governo.

Tanto Laschet quanto Scholz podem iniciar negociações com outros partidos simultaneamente. Eles podem inclusive decidir refazer a coalizão entre suas siglas, que sustentava o governo Merkel em seu último mandato –Scholz era vice-premiê e ministro das Finanças.

Quais as coligações possíveis?
Há pelo menos cinco combinações de partidos que excedem os 368 deputados necessários para obter maioria. Quatro delas teriam à frente o SPD, e uma, a União. As coligações possíveis são batizadas de acordo com as cores de cada partido: Semáforo (SPD, FDP e Verdes), com 416 assentos; Quênia (SPD, União e Verdes), com 520 assentos; Mickey Mouse (SPD, União e FDP), com 494 assentos; GroKo, ou grande coalizão (SPD e União), com 402 assentos; e Jamaica (União, Verdes e FDP), com 406 assentos. Cogitada durante a campanha, uma coligação entre SPD, Verdes e o partido A Esquerda ficaria cinco assentos atrás do mínimo necessário, ou seja, é inviável.

Os Verdes vão fazer parte do próximo governo?
Não obrigatoriamente, embora o crescimento do partido entre as duas legislaturas dê aos Verdes prestígio político para reivindicar participação na próxima gestão. Numericamente, há ao menos duas coligações possíveis sem Os Verdes: a GroKo, que reúne apenas SPD e União e era a que dava apoio a Merkel em seu último mandato; e a Mickey Mouse, na qual entram também os liberais do FDP.

Os Verdes poderiam formar um governo com a direita?
Sim, e sua liderança já anunciou que nos próximos dias vai se reunir com os liberais do FDP para discutir quais os compromissos possíveis entre as plataformas bem diferentes dos dois partidos, principalmente em relação a aumento ou corte de impostos e aos limites da dívida pública. Se fizerem um acordo, as duas siglas ganham poder nas negociações futuras tanto com o SPD como com a União.

Uma aproximação dos Verdes com os sociais-democratas já ficou evidente durante a campanha eleitoral e, após os resultados, a candidata ambientalista, Annalena Baerbock, disse preferir uma coligação com o SPD, embora não descarte governar com a União.

A Esquerda e a ultradireitista AfD não podem participar das coligações?
Em tese, podem. Mas nenhum dos grandes partidos aceita se ligar à AfD (sigla para Alternativa para a Alemanha), cuja plataforma é xenófoba e que já abrigou em seus quadros grupos de extrema direita.
Em relação aos socialistas d’A Esquerda, eles foram descartados pela União durante a campanha, mas não pelo SPD e pelos Verdes. No entanto, como algumas de suas propostas são muito conflitantes com as dos outros partidos e seu número de assentos não tem peso suficiente, é difícil que ela seja incluída em algum dos grupos.

Quando os deputados elegem o novo primeiro-ministro?
Não há data-limite. Quando um partido obtiver um acordo de coalizão que lhe dê maioria, ele leva o nome de seu candidato a primeiro-ministro para aprovação pelos deputados.

Quem governa a Alemanha até que haja um primeiro-ministro?
Angela Merkel continua no cargo, mesmo com um novo Parlamento eleito. Se a decisão sobre o novo governante se estender até depois de 19 de dezembro, ela baterá o recorde alemão de dias como primeira-ministra, que hoje é de seu mentor, Helmut Kohl.

Por Ana Estela de Sousa Pinto/FOLHAPRESS

Foto: Michele Tantussi

Redação por Bernardo Andrade

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Eric Lima

Criador do Portal Pontual

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

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