Em sua cerimônia de posse, o novo presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, defendeu nesta quinta-feira (14) como “necessária” para o país a prática de preços de mercado de combustíveis, alvo de críticas na oposição e no próprio governo.
Em reunião nesta quinta, o conselho de administração da empresa aprovou a nomeação de Coelho à presidência da estatal, para substituir o general Joaquim Silva e Luna, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) após o mega-aumento nos preços dos combustíveis, em março.
“A prática de preços de mercado é condição necessária para criação de um ambiente de negócios competitivos, para a atração de investimentos, para ampliação da infraestrutura do país e para a garantia do abastecimento”, afirmou.
Coelho argumentou que essa prática melhora a competição pelo mercado, “com benefício para o consumidor”. O discurso reforça declarações já dadas pelo executivo quando era integrante do governo.
“É importante ressaltar que, embora sejamos autossuficientes e exportadores de petróleo, somos importadores de vários combustíveis, o que impõe aos agentes de mercado e ao governo federal grandes desafios para a garantia ao abastecimento”, afirmou.
Em seu discurso, ele deu um tom de continuidade em relação à estratégia adotada pela companhia nos últimos anos, defendendo a venda de ativos em refino e gás natural e o foco dos investimentos na exploração e produção do pré-sal.
Disse, porém, que a empresa precisa melhorar sua comunicação externa. “Muitas vezes, não conseguimos ter uma comunicação que chegue de forma palatável ao povo brasileiro.”
Na quarta (13), ele havia sido aprovado para integrar o conselho de administração da companhia, em reunião confusa que durou quase dez horas e terminou com uma manobra do governo para adiar a votação de reforma no estatuto que aumentaria a blindagem da empresa contra interferência política.
Ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME (Ministério de Minas e Energia), o novo presidente da Petrobras terá o desafio de equilibrar as pressões contra a política de preços dos combustíveis e as regras de governança da companhia.
Seu antecessor foi demitido após permitir o repasse dessa alta aos preços internos, autorizando aumentos de 24,9% no preço do diesel, 18,8% no preço da gasolina e 16,1% no preço do gás de cozinha na segunda semana de março.
Com o repasse dos mega-aumentos às bombas, os preços finais dos três produtos atingiram valores recordes desde que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) começou sua pesquisa semanal nos postos, em 2004.
Por Nicola Pamplona/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade