O presidente Jair Bolsonaro (PL) oficializou, nesta segunda-feira (18), Victor Godoy Veiga como ministro da Educação.
Ele já estava no comando da pasta desde o final de março, quando assumiu após Milton Ribeiro deixar o cargo em meio às denúncias de propina e tráfico de influência envolvendo pastores no MEC.
A permanência de Godoy na pasta era esperada e segue padrão das trocas em outros ministérios no começo do mês, quando seus titulares deixaram os cargos para disputar eleições. Bolsonaro tem optado por alçar ao cargo de ministro secretários-executivos.
Godoy era o nº 2 de Milton Ribeiro, que pediu demissão em março, mas continua contando com a simpatia do Planalto. O presidente já chegou a dizer que colocaria a cara no fogo por ele.
Já o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, disse não ver problemas num eventual retorno de Ribeiro ao cargo, após a conclusão das investigações.
Milton Ribeiro deixou o cargo em 28 de março sob acusações de privilegiar pastores suspeitos de negociar liberações de verbas da pasta em troca de vantagem indevida.
A queda do ministro ocorreu uma semana após a Folha revelar áudio em que o próprio Ribeiro fala em priorizar os amigos de um dos pastores e que isso seria um pedido de Bolsonaro.
Pessoa de confiança de Ribeiro, Victor Godoy já esteve com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em eventos no MEC. Isso ocorreu em 13 de janeiro de 2021, quando o ex-ministro recebeu prefeitos e os pastores em agenda classificada como “alinhamento político”.
Em fevereiro de 2021, sentou-se ao lado do ministro e de Bolsonaro em encontro com os religiosos e 23 prefeitos. Também compôs a mesa lado a lado com Arilton e Gilmar em outro evento com prefeitos e os pastores em 15 abril do ano passado.
Há relatos de negociação de liberações neste dia 15 de abril em um hotel usado pelos pastores e também um restaurante de Brasília
Victor Godoy foi ainda o responsável por preparar e encaminhar à CGU (Controladoria-Geral da União) ofício com denúncia da atuação dos pastores que Milton Ribeiro diz ter recebido e despachado em agosto passado. Mas o ministro manteve forte interlocução com os pastores depois disso.
Na semana passada, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) recuou e apresentou registros de visitas dos dois pastores ao Palácio do Planalto.
A dupla pivô do escândalo do balcão de negócios do Ministério da Educação esteve ao menos 35 no local, desde o começo do governo até 16 de fevereiro deste ano.
O documento divulgado pelo GSI mostra ainda duas idas dos pastores ao gabinete do presidente da República.
A dupla frequentou mais o Palácio do Planalto no primeiro ano de governo de Bolsonaro, quando foram 27 vezes lá.
Em 2020, há apenas um registro no documento divulgado pelo GSI.
No ano passado, estiveram cinco vezes lá. Neste ano, Arilton foi duas vezes à Casa Civil de Ciro Nogueira, sendo uma delas acompanhado de Gilmar.
Por Marianna Holanda/FOLHAPRESS
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Redação por Bernardo Andrade