Em pronunciamento durante o velório do jornalista britânico Dom Phillips, 57 anos, a viúva Alessandra Sampaio exigiu justiça e pediu que não se repita a dor dela e de outras famílias de defensores do meio ambiente. “Eles seguem em risco, seguem em risco”, ressaltou.
Dom foi assassinado no Vale do Javari, no Amazonas, ao lado do indigenista brasileiro Bruno Pereira, 41 anos. Os restos mortais do jornalista foram velados e cremados no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, neste domingo (26).
Uma bandeira do Brasil encobriu o caixão, que recebeu um retrato do jornalista feito pela fotógrafa brasileira Angélica Dass.
Alessandra manifestou gratidão aos povos indígenas por serem leais guardiões da vida, da justiça e das florestas.
Ela agradeceu também a todos que participaram ativamente das buscas a Dom e Bruno e aos jornalistas pelos esforços para apurar o caso e pela cobrança por transparência das investigações.
“Também agradeço de coração a todas as pessoas que se solidarizaram com Dom, com Bruno, com nossas famílias e amigos”, disse, emocionada. “Hoje Dom será cremado no país que amava, seu lar escolhido, o Brasil”.
Alessandra disse que Dom era uma pessoa especial, não apenas por defender o que acreditava, mas por ter um coração enorme e um grande amor pela humanidade.
A irmã do jornalista, Sian Phillips, também fez um pronunciamento e disse que ele foi morto por tentar contar ao mundo as histórias sobre a floresta e seus moradores.
Alessandra, os irmãos de Dom: Sian Phillips, Gareth Phillips e o cunhado Paul Sherwood (marido de Sian); se abraçaram no final do pronunciamento, sob aplausos de todos os presentes. A cerimônia de despedida foi restrita aos familiares e amigos.
Bruno Pereira foi cremado na sexta-feira (24) no Cemitério e Crematório Morada da Paz, em Recife, Pernambuco, onde nasceu.
Indígenas da etnia Xucuru, da Serra do Ororubá, em Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, participaram da cerimônia de despedida de Bruno.
Eles entoaram cânticos quando entraram no cemitério Morada da Paz e emocionaram os presentes.
“Oh, meu irmão, oh, irmão meu. Cadê o meu irmão que não vem brincar mais eu?”, cantaram os Xucuru enquanto balançavam seus instrumentos de percussão. O cântico continuou quando se aproximaram do caixão de Bruno.