Uma das maneiras de se proteger contra o HIV (vírus da imunodeficiência humana) é por meio da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição). Desde 2017, todos aqueles que se considerem vulneráveis ao HIV, mesmo usando outros tipos de prevenção, podem adquirir a PrEP oral gratuitamente via SUS (Sistema Único de Saúde). O uso contínuo, porém, pode ser um obstáculo para alguns pacientes.
Pensando em facilitar a vida do usuário, pesquisadores do Estudo Mosaico, da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), estão desenvolvendo uma profilaxia injetável contra o HIV, a Lenacapavir, que seria administrada a cada seis meses e de forma subcutânea, assim como a insulina.
“Quando pensamos em prevenção do HIV, o melhor método de prevenção para cada um é aquele que a pessoa escolhe usar e consegue utilizar de forma correta e constante”, explica o pesquisador e coordenador do estudo, Ricardo Vasconcelos.
O comprimido é uma excelente maneira de prevenção, porém, depende de um compromisso da pessoa para continuar o tratamento. Existe, também, outra forma de profilaxia injetável que está em análise na Anvisa: a intramuscular, aplicada no glúteo a cada dois meses. Hábitos e diferentes tipos de vida podem prejudicar esse tratamento contínuo, de forma que se torna não prático e mais fácil de ser abandonado.
“A gente foi percebendo aos poucos que, quanto mais os diferentes métodos de prevenção estiverem disponíveis para a população, mais fácil vai ser contemplar todos os estilos de vida”, diz o infectologista Rico Vasconcelos, que é colunista de VivaBem.
Existem pessoas que não conseguem usar preservativo e tomar remédio diariamente, lembra o infectologista. Esse método, então, está sendo desenvolvido com o propósito de tornar a vida das pessoas mais fácil, garantir o tratamento contínuo e diversificar os métodos de prevenção para que todos sejam incluídos.
Como a profilaxia funciona?
O princípio da PrEP é sempre o mesmo: impedir que o vírus se multiplique após entrar no corpo. Para as pessoas que não vivem com HIV, o que o estudo pretende com a injeção é que, caso o vírus entre no corpo da pessoa, o sistema imune consiga bloquear e destruir o vírus.
O medicamento é injetado duas vezes ao ano e segue a tecnologia das vacinas Janssen e AstraZeneca contra a covid-19, de retrovírus. “A gente administra medicamentos anti-retrovirais com o objetivo de proteger essa pessoa da infecção. O que ele faz é impedir que o HIV se multiplique numa pessoa que está com o vírus”, explica. O medicamento pode também ser aplicado naqueles que não possuem a doença, especialmente por se tratar de uma prevenção.
O pesquisador ainda fala de prevenção combinada: uso de preservativos com medicamentos. “A ideia de que você tem, como profissional da saúde, de oferecer todo o cardápio para a pessoa e ela é quem vai ver o que consegue aplicar em sua vida”, complementa o infectologista.
A injeção ainda está em fase de teste e não se sabe a eficácia. Para isso, são necessários voluntários específicos para o estudo: pessoas trans, não binários, maiores de 18 e homens homossexuais.
Redação por Bernardo Andrade
Com informações de UOL
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