Manaus | 10 de Junho de 2019 (Segunda-feira)

As informações e áudios foram divulgados pelo site The Intercept Brasil, e mostram orientações do ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Sergio Moro, com o procurador da República e procurador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, sobre as investigações da Operação Lava Jato.

Através de uma fonte anônima, a The Intercept Brasil recebeu os arquivos e preparou uma série de três matérias para informar sobre as conversas feitas por Sergio Moro. Algo que chamou muita atenção anteriormente foi a declaração que o ministro fez, alegando  que seu celular foi invadido por hackers, coincidência não?

Após ler a primeira parte resumida sobre o vazamento das conversas de Moro e Dallagnol, clicando aqui, saiba agora o restante desse caso.

Cerca de um dia, ao chegar no item 191 do documento, Deltan então escreveu sobre a reportagem “Caso Bancoop: triplex do casal Lula está atrasado”, sendo a primeira a tratar sobre o assunto do apartamento em Guarujá, antes da Lava Jato.

“tesao demais essa matéria do O GLOBO de 2010. Vou dar um beijo em quem de Vcs achou isso”, publicou. Em seguida questionou sobre quem seria a fonte da matéria, sugerindo entrar em contato com a repórter, Tatiana Farah, para descobrir quem seria a fonte dela.

“23:05:29 – Acho que vale. Informalmente e, se ela topar, dá para ouvi-la.

23:05:58 – Pq se ele já era dono em 2010 do triplex… a reportagem é um tesão, mas se convertermos em testemunho pode ser melhor

23:06:08 – Podemos fazer contato via SECOM, topam?

23:06:27 – vou pedir pra ascom o contato”, escreveu.

Ao conseguir o número da jornalista, Dallagnol encaminhou o contato para os procuradores, Roberto Pozzobon e Júlio Noronha que seguiram suas orientações de tentativa de informações da mesma sobre a tal fonte.

No dia seguinte, na véspera da denúncia, o procurador Januário Paludo informou no grupo “Filhos do Januário 1”, sobre a matéria.

“Conversei com a TATIANA FARAH DE MELLO, que fez a reportagem em 2010 sobre o TRIPLEX. Ela realmente confirmou que foi para GUARUJA e lá colheu diversas informações sobre os empreendimentos da BANCOOP. A matéria era para ser sobre a BANCOOP e o calote dado nos mutuários. Em guaruja conversando com funcionários da obra – que ainda estava no esqueleto, é que ela descobriu que o triplex seria do Lula. Ela manteve contato com a Assessoria de comunicação do Palácio do Planalto que confirmou a informação. Toda parte documental, como e-mail e outros dados foram inutilizados quando ela saiu do ‘o Globo’. Acho que podemos tomar por termo o depoimento. Marco uma video e pronto”, escreveu o procurador.

No entanto, a matéria não foi o item crucial para o caso, como informou o então juiz, Sergio Moro, “a matéria em questão é bastante relevante do ponto de vista probatório”. Na verdade, existe duas lacunas que não são encaixadas na denúncia com a reportagem.

A primeira é que a reportagem do Globo atribui o tríplex ao ex-presidente, usando uma declaração do então candidato à reeleição apresentada à Justiça Eleitoral em 2006, “Participação Cooperativa Habitacional Apartamento em construção no Guarujá – SP Maio 2005 – R$ 47.695,38 já pagos”. Sendo que a cota pode poderia ser utilizada para qualquer apartamento, e que a palavra “tríplex” não aparece na lista de bens de Lula citada na matéria.

O segundo erro, é uma simples falta de “leitura” dos procuradores, já que a matéria é bem direta ao informar a atribuição do ex-presidente a propriedade de um tríplex na torre B.

“A segunda torre (a torre A), se construída como informa a planta do empreendimento, lançado no início dos anos 2000, pode acabar com parte da alegria de Lula: o prédio ficará na frente do imóvel do presidente, atrapalhando a vista para o mar do Guarujá, cidade do litoral paulista”, informa a reportagem do Globo.

“A Lava Jato usou a reportagem como prova de que o apartamento era, sim, uma propriedade ou uma aspiração da família presidencial, mas indicou outro imóvel na denúncia. Uma evidência de que a investigação foi imprecisa num dos pontos mais cruciais da acusação: na definição do imóvel que materializaria a propina que Lula teria recebido da empreiteira”, declarou o The Intercept Brasil.

Foto: Reprodução.

Fonte: The Intercept Brasil.

Redação por Portal Pontual.