sábado, julho 19, 2025
HomeMundoCaso Flávio | Saiba a reconstituição do caso, segundo a perícia técnica...

Caso Flávio | Saiba a reconstituição do caso, segundo a perícia técnica da Polícia Civil

Publicado em

Artigo Relacionado

Filme Ainda Estou Aqui conquista o 1º Oscar para o Brasil

Na noite do dia 02, neste domingo, aconteceu o Oscar 2025, a premiação mais...

Manaus | 21 de Novembro de 2019 (Quinta-feira)

Veja agora como fica a ordem cronológica dos acontecimentos do Caso Flávio, baseados na reconstituição e nos depoimentos dos suspeitos.

A simulação dos fatos ocorreu nesta semana, especificamente, na segunda-feira (18) e aponta o policial, Elizeu da Paz, e o amigo de longa data, Mayc Teixeira como os autores da morte do engenheiro Flávio Rodrigues. O motivo teria sido ‘um susto’ que a dupla cometeu na residência de Alejandro Valeiko que saiu fora do esperado, trazendo um fim trágico.

Confira os trechos mais decisivos dos depoimentos em uma versão resumida dos fatos:

SÁBADO

– Magno chega no bar Boemia e encontra Flávio e Júnior Gordo. Começam a beber muito inclusive fazendo o uso de entorpecentes, quando chega Matheus acompanhado de Pakalolo e os convidam para ir até a casa de Alejandro Valeiko.

Depoimento Júnior Gordo

 

DOMINGO

– Alejandro afirma que Mateus telefonou e disse que estava “indo lá” (na casa de Alejandro).

11h35

– Flávio chega no condomínio Passaredo em um carro Fox branco, acompanhado de Júnior Gordo, Magno, Mateus e Pakalolo.

– Vittorio diz que Alejandro está em casa acompanhado de 5 pessoas (Flávio, Júnior Gordo, Magno, Mateus e Pakalolo).

– Nesse mesmo período de tempo o cozinheiro Vittorio afirma em seu depoimento que entrou em contato com o PM Elizeu via telefone, informando que o grupo estava no local fazendo “algazarra”. O PM Elizeu pediu para Vittorio ficar “de olho” para que ninguém furtasse nada na casa.

– Conforme Alejandro, quando eles chegaram passaram a ingerir bebida alcoólica e fazer uso de cocaína. Mateus teria levado o entorpecente.

11h38

– Portaria envia mensagem via whatsapp para o PM Elizeu informando que entraram pra casa de Alejandro: Mateus e Flávio. O PM Elizeu agradece.

16h13

– Flávio envia mensagem para o grupo da família dizendo “Avisa que estou na casa de um amigo, no Passaredo, só vou mais tarde para casa”.

Mensagem Flávio família

16h30

– O grupo vai para uma festa em um sítio na Avenida do Turismo. Júnior, Alejandro, Flávio, Mateus e Pakalolo seguem para A festa. Magno permanece dormindo na residência do Alejandro.

20h00

– Na residência de Alejandro, Magno acorda e percebe que na casa está somente Vittorio, na cozinha. Magno pede comida a Vittorio, que por sua vez, dá um prato para ele. Em seguida, pede que Magno vá para sua casa já que Alejandro e os amigos não estavam no local. Magno respondeu que já tinha mandado a localização para a esposa e tinha pedido para ela buscá-lo no condomínio. Magno sai da casa e decide aguardar a esposa na guarita. Conforme seu depoimento, após esperar 40 minutos, a esposa ligou dizendo que não tinha como buscar ele porque não tinha com quem deixar a filha. Ele decide sair do condomínio.

21h36

– Flávio, Alejandro e Júnior Gordo retornam para o condomínio da rave, já sem Mateus e Pakalolo.

– Encontram Magno que estava indo embora, ele faz parada, fala que está sem dinheiro para ir embora e pergunta se alguém tinha para arrumar. Flávio, Júnior e Alejandro teriam dito para ele ficar tranquilo que o levariam para casa. Magno entra no veículo e retorna para casa de Alejandro com o grupo.

– Flávio informa que vai comprar mais bebida e sai da residência, acompanhado de Alejandro, que senta no banco do passageiro do Fox branco, e Magno no banco de trás. Júnior permanece na casa de Alejandro. O trio para em uma conveniência de um posto de gasolina, próximo ao condomínio, compram uma caixinha de Brahma e uma batata salgada, pagas por Flávio com seu cartão de crédito. Eles retornam para casa e apenas Flávio continua bebendo.

– Pouco tempo depois, ao terminar de limpar a cozinha, Vittorio se despede de todos e segue para o seu quarto. Conforme Vittorio, neste momento decide ligar novamente para o PM Elizeu para informar que o grupo continuava na sala ingerindo bebida alcoólica, porém o policial não atende.

22h14

– O porteiro Juzenildo, da guarita 2, relata que o PM Elizeu chegou ao condomínio por volta das 22h14, acompanhado de Mayc. Ele liberou a cancela para entrada dos dois. Elizeu, por ser conhecido dos agentes de portaria, entra sem precisar fazer biometria e ser anunciado. Ele apenas abre a janela do carro e tem sua entrada autorizada. Os moradores da casa 179 não sabem de sua chegada.

22h20

– Mayc e Elizeu chegam na frente da casa 179. O PM Elizeu identifica pelo lado externo da residência que há pessoas estranhas dentro da casa na companhia de Alejandro.

Em seu depoimento o PM Elizeu declarou que “estava cansado de ver o que ocorria na casa” .

Depoimento Mayc Teixeira

– Dentro da casa estavam Magno, sentado em um sofá, Alejandro, sentado na cabeceira da mesa de jantar, Flávio também sentado na mesa de jantar de costas para a porta de entrada, e Júnior próximo à bancada da cozinha. Nesse momento, Júnior avistou um carro entrando de ré na garagem, viu um homem encapuzado com uma arma na cintura. Ele afirma, em depoimento, que avisou os demais falando algo como “olha aí, ó” e correu para o corredor que dá acesso aos quartos. Entrou em um deles, que parecia ser o de Alejandro, e se trancou no banheiro.

– Já na sala, o PM Elizeu se depara com apenas três pessoas (Magno, Alejandro e Flávio). À polícia, ele diz que seguiu direto em direção a Alejandro desferindo duas coronhadas com sua pistola IMBEL .40, de cor preta. Com a coronhada Alejandro baixa a cabeça e começa a sangrar. Magno sai correndo e encontra Mayc do lado de fora. Conforme Magno, Mayc o segurou pela frente colocando os dois braços embaixo dos seus braços e sussurrou algo como “ei pô, peraí peraí”. Magno então consegue se desvencilhar de Mayc e diz que acredita que o homem quis soltá-lo. Ele sai correndo em direção da guarita gritando socorro. É quando sente algo quente escorrendo em suas costas (sangue).

– O PM Elizeu olha para trás e vê gotas de sangue próximo de Mayc, que permanece do lado de fora da residência, levanta a balaclava e pergunta “o que tu fez?”. Nesse momento Mayc entra na casa, vê que o PM Elizeu estava na frente de Alejandro e afirma que Flávio vem em sua direção e tenta lhe acertar um soco no rosto. Então Mayc consegue imobilizá-lo e aplica um golpe de arte marcial chamado Katagatame. Com o golpe, Flávio fica desacordado por dez segundos, logo recobrando a consciência. Ainda segundo Mayc, Flávio teria começado a gritar. O PM Elizeu tenta tranquilizar Mayc e diz: “Calma, calma. Vamos deixar ele lá fora”. Mayc então imobiliza Flávio pelo pescoço e o leva até o banco de trás do veículo. Ele senta junto com Flávio que estava de costas e joga seu corpo contra o dele na posição de “100kg”, fazendo com que Flávio não se debatesse. Para que Flávio parasse de gritar, Mayc usou uma fita silver tape cinza, que estava em sua mochila, para enrolar na boca do engenheiro. Consciente, Flávio tenta se mexer e gritar, mesmo com a fita em volta de sua cabeça. PM Elizeu entra no carro e diz para Mayc que ele tinha feito besteira, “muita merda”, e que deixariam o “cara” (Flávio) fora do condomínio. Nervoso, porque nada saiu como esperado, o PM Elizeu liga o carro e vai em direção à saída.

22h25 – 22h30

– Magno, trajando apenas calça, chega na portaria com a costa ferida e pede socorro.

22h30 – 22h33

PM Elizeu passa rápido pela portaria falando “abre, abre” para o porteiro. Ele não queria ser identificado por Magno.

– Os dois fazem o retorno sentido aeroporto e entram na estrada do Tarumã, seguindo na direção do Vila Suíça. Em determinado momento o policial para o carro, olha para Mayc e diz: “Parede, solta ele”.

– Mayc resolve puxar Flávio para fora e soltá-lo longe do carro. Ele disse em depoimento que adentrou 5 metros com Flávio em um descampado. Ao tentar cortar a fita silver tape da parte de trás da cabeça, Flávio reagiu, travou luta corporal e atirou uma pedra em Mayc para se defender. Nesse momento, Mayc assumiu em depoimento que desferiu dois a três golpes de faca em Flávio que ainda estava de pé. Narra ainda que a vítima correu “mais para dentro do terreno”.

– Mayc retorna para o veículo e joga a faca próximo ao local. Dentro do veículo Mayc desabafa com PM Elizeu: “Fiz merda, acabei com a minha vida”, o PM rebate de imediato: “Tu acabou com a minha carreira”.

– O PM Elizeu decide retornar a sua casa no bairro Nova Cidade seguindo o trajeto: estrada do Tarumã, Torquato Tapajós, Santa Etelvina, saindo já próximo ao Nova Cidade.

– Nesse mesmo período, o porteiro Júnior Barbosa pede ao colega de trabalho, John Lenonn, para ir à casa de Alejandro verificar o ocorrido. Ele vai até a residência, mas durante o caminho acaba esbarrando em Alejandro que conta que estava bebendo em casa quando dois homens encapuzados entraram, um portando arma de fogo e outro uma faca. O porteiro acompanha Alejandro até a portaria.

– Em seguida, o John Lennon retorna à residência 179 e percebe a casa com móveis revirados, mancha de sangue no chão, principalmente no balcão americano, quantidade razoável (nem muito, nem pouco) de sangue. Também percebeu gotas de sangue fora da residência, no caminho que leva a portaria. Entretanto, o vigilante afirmou que não lembra de ter visto sangue na parte da garagem da residência.

– Abordou novamente Alejandro, ao voltar para portaria, e ele afirmou que a casa tinha sido invadida e que levaram seu amigo, mas não sabia o nome.

22h00 – 23h00

– Igor Gomes, esposo de Paola Valeiko (irmã do Alejandro), disse à polícia, que entre 22h00 e 23h00, recebeu uma ligação do condomínio Passaredo informando que havia uma pessoa esfaqueada e que Alejandro estava ensanguentado.

– O condomínio já tinha acionado o Samu e a polícia.

– Igor decide ir no local, mas antes passou na casa da sogra e chamou um policial para acompanhá-lo no condomínio.

– A primeira equipe de polícia, composta pelo Sargento Eduardo Barreto e Subtenente Dilma Marien, chegou ao local por volta das 22h30. À polícia, Barreto relatou que conversou com Magno e Alejandro sobre o que teria acontecido. A equipe não entrou no imóvel e posteriormente quem assumiu a ocorrência foi a Tenente Ana Carolina Bentes.

– Quando Igor chegou no condomínio, viu a presença de policiais atendendo. A ocorrência e falou com Alejandro, que estava na portaria com a cabeça ensanguentada, aparentemente alterado, e não soube explicar o que havia acontecido. Ele chegou a questionar o síndico do condomínio e Vittorio sobre o que havia ocorrido, mas ninguém sabia dizer ao certo o que de fato aconteceu e nem quantas pessoas entraram na casa.

– Igor entra na residência após os vizinhos saírem e vê três “pegadas” de sangue perto da cadeira de plástico, situada na casa.

– Paola decide ligar para a mãe, que estava no Hospital Adventista com o marido, o prefeito de Manaus Arthur Neto, para que ela fosse à casa de Alejandro, pois ele estava ferido e havia outro rapaz na portaria, também lesionado.

23h00

– A Tenente Ana Carolina Bentes chegou ao local, por volta das 23h00, e na segunda guarita encontrou Alejandro. Ela chegou a conversar com Valeiko sobre o que teria acontecido e depois se dirigiu para a residência.

– Na casa, viu o síndico conversando com “Junior Gordo” pelo basculante do banheiro, pediu para que ele saísse, mas o mesmo se recusou e só saiu quando o pai chegou no imóvel.

– Bentes relatou ainda que não conseguiu isolar o local, pois a casa estava fechada e quando ela conseguiu adentrar na sala, a energia foi embora, dificultando a averiguação da cena. A tenente solicitou que o síndico isolasse e ele se comprometeu a fazê-lo.

SEGUNDA-FEIRA

00h00

– Elizabeth Valeiko chega no condomínio e encontra Alejandro com sangramentos na região do rosto e camisa, notou que ele estava sob efeito de álcool ou entorpecente. Questionou ao filho o que estava acontecendo, ele não soube explicar, pelo contrário, falou “mãe, tá tudo bem!”.

– Depois de algum tempo, Paola também chega ao local e encontra a mãe (D. Elisabeth) e o irmão dentro de um veículo. Igor estava conversando com o síndico.

– Paola entra na residência e percebe “rastros” de sangue próximo a cadeira da mesa de jantar. Em depoimento, a jovem afirmou que limpou o sangue que estava no chão da sala com papel toalha umedecido e destacou que não sabia que poderia prejudicar o trabalho da polícia, porque eles já tinham saído da casa.

– À polícia, Elizabeth disse que conversou com o homem, que depois soube que era Júnior Gordo. Ele relatou que o grupo estava na sala “numa boa” quando chegou um homem encapuzado, que perguntou “cadê o dinheiro?”. Ele correu e se escondeu no banheiro. Diante dessa informação, Elizabeth perguntou do filho se ele devia algo a alguém, mas Alejandro negou. Em seguida ela entrou no quarto dele para entender o que estava acontecendo, e ao sair conversou com Vittorio, seu genro Igor, sua filha Paola, o síndico do condomínio, e o subsíndico Ronaldo, que estavam dentro da casa. Ela disse ainda que viu na garagem gotas de sangue e um carro branco, que depois soube ser de Flávio. Paola comentou que também tinha gotas de sangue no interior da casa, que acreditava ser do ferimento de Alejandro, e limpou as referidas manchas porque a cadela estava pisando e espalhando sangue pela casa.

02h00

– Arthur chega no condomínio.

– Vittorio e Alejandro não comentaram com Elizabeth que o PM Elizeu tinha estado na casa minutos antes. Ela não lembra o horário que saiu do condomínio, mas o fez na companhia de seu marido Arthur.

-Pelas circunstâncias de Alejandro estar sob efeito de drogas, ninguém explicar o que realmente aconteceu e Júnior ter comentado que o homem encapuzado proferiu “cadê o dinheiro?”, ela e as outras pessoas que estavam na casa, acreditavam que os homens haviam ido cobrar dívida de drogas.

Foto: Reprodução.

Últimos Artigos

Comissão vai a Belém conferir preparativos para COP30

A Subcomissão Temporária que acompanha os preparativos para realização da COP30 se reuniu pela...

Cepcolu completa quatro meses com quase 2 mil atendimentos e sem fila para cirurgias

O Centro Avançado de Prevenção ao Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu),...

Com apoio do Governo do Amazonas, pesquisa inclui robótica no processo de ensino-aprendizagem de estudantes da educação básica

Ensinar robótica com o uso de metodologia Problem-based Learning (PBL), que estimula os alunos...

Primeira patente do ILMD/FiocruzAmazônia é concedida pelo INPI, referente a equipamento de análise de material genético em amostras biológicas

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), por meio do Núcleo de Inovação...

Eric Lima

Criador do Portal Pontual

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

Mais artigos como este

Comissão vai a Belém conferir preparativos para COP30

A Subcomissão Temporária que acompanha os preparativos para realização da COP30 se reuniu pela...

Cepcolu completa quatro meses com quase 2 mil atendimentos e sem fila para cirurgias

O Centro Avançado de Prevenção ao Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu),...

Com apoio do Governo do Amazonas, pesquisa inclui robótica no processo de ensino-aprendizagem de estudantes da educação básica

Ensinar robótica com o uso de metodologia Problem-based Learning (PBL), que estimula os alunos...