Manaus | 11 de Dezembro de 2019 (Quarta-feira)
O Santos anunciou, na noite desta terça-feira (10), que o técnico Jorge Sampaoli pediu demissão após reunião realizada na manhã de segunda-feira no CT Rei Pelé.
Segundo nota publicada no site do clube, “o caso foi entregue aos Departamentos Jurídico e de Recursos Humanos do clube”.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do argentino não confirmou o pedido de demissão e disse que, enquanto o técnico não assinar a rescisão contratual, é impossível confirmar a saída.
O presidente santista, José Carlos Peres, não atendeu a reportagem.
Sampaoli chegou ao time alvinegro há um ano. O contrato dele vai até dezembro de 2020, com multa vigente de US$ 2,5 milhões (R$ 10,5 milhões) em caso de rescisão.
A saída é dada como certa. Apesar da boa campanha do Santos na temporada, semifinalista do Campeonato Paulista e vice do Campeonato Brasileiro, o argentino e Peres não cultivam boa relação. Em nota, o Santos agradeceu ao treinador pelo trabalho realizado.
Contratado em dezembro de 2018 após fracassar com a Argentina na Copa do Mundo, Sampaoli entrou em rota de colisão com Peres logo no primeiro mês de trabalho. Em janeiro deste ano, antes de estrear no Campeonato Paulista, o argentino reclamou da falta de reforços, da saída de Bruno Henrique, que trocou a Vila Belmiro pelo Flamengo, e disse que não havia sido informado sobre as condições financeiras do clube.
O anúncio, no mês passado, da saída de Paulo Autuori, executivo superintendente de futebol e principal responsável pelo planejamento do departamento, foi o estopim. Autuori foi responsável por intermediar os pedidos junto à diretoria.
Durante os quase 12 meses na Vila Belmiro, o técnico reivindicou uma série de melhorias em seu contrato. Em abril, modificou a forma como recebia os pagamentos do clube -já descontando impostos. Além disso, solicitou inúmeras vezes a retirada da multa existente em seu contrato. O Santos nega tê-lo atendido neste caso. Recentemente, em outubro, exigiu a inclusão de premiação por classificação direta a Libertadores. O valor é de R$ 3,5 milhões.
Além do clima conturbado, Sampaoli já foi procurado pelo Palmeiras, que demitiu Mano Menezes, e pelo Racing, da Argentina. Desde que virou o principal alvo do Racing (ARG) em novembro, o técnico informou que, para ficar em 2020, pleitearia reajuste contratual, com vencimentos superiores aos atuais.
Sampaoli e sua comissão custaram cerca de R$ 20 milhões aos cofres santistas por apenas uma temporada. Somente o treinador recebeu aproximadamente US$ 2,3 milhões de dólares líquidos no período (R$ 9,6 milhões).
Sampaoli criou uma relação de proximidade com a cidade de Santos, mas externou publicamente incômodo pela ausência de planejamento e pela desorganização de Peres e a sua cúpula.
A diretoria tenta, agora, convencer membros da comissão técnico de Sampaoli a continuar, principalmente o auxiliar-técnico Jorge Desio. Porém, o acordo é considerado improvável. Sampaoli e Desio se conheceram em 1994 no Renato Cesarini, clube de Rosário conhecido pela formação de atletas e técnicos. No Santos, Desio inclusive já comandou treinos e assumiu o lugar de Sampaoli no banco de reservas, enquanto o técnico cumpria suspensão.
A reunião desta segunda-feira, que durou quatro horas, contou com a presença de Sampaoli, acompanhado de um advogado, William Thomas, superintendente de futebol do clube, e Peres. O argentino disse que estava descontente com a falta de planejamento para 2020 e exigiu que investimentos para brigar pela Copa Libertadores.
A proposta orçamentária do Santos, aprovada em 14 de novembro pelo Conselho Deliberativo, prevê movimentação financeira bem mais modesta se comparada a este ano. Serão R$ 249 milhões em receitas, R$ 130 milhões a menos do que em 2019, com estimativa de R$ 379 milhões.
Nesta temporada, o Santos gastou quase R$ 80 milhões com 14 contratações para satisfazer o treinador. Alguns nomes, como o peruano Cueva, além dos colombianos Uribe e Felipe Aguilar, terminaram o ano em baixa.
A permanência de Sampaoli também não é unanimidade no clube. Dentro da alta cúpula, Sampaoli já encontrava opositores que alegavam que o projeto de mantê-lo por mais uma temporada não era sustentável economicamente.
O treinador comandou o Santos em 63 partidas, obteve 35 vitórias, 13 empates e 15 derrota. Com isso, o seu aproveitamento é de 62%.
Foto: Flávio Hopp/Folhapress.
Fonte: FOLHAPRESS.