Manaus, 7 de janeiro de 2020.
Após a morte do comandante militar iraniano, Qassim Soleimani, o Irã convoca uma representante da embaixada do Brasil ao país. O anuncio foi feito depois de Itamaraty se manifestar em “apoio à luta contra o flagelo do terrorismo” ao comentar as ações feitas pelos EUA que atacou com drones o Iraque, onde morreu Soleimani.
O Itamaraty informou nesta segunda-feira (06), que a encarregada de negócios entre Brasil e Terrã, Maria Cristina Lopes, irá explicar a mensagem de apoio dada pelo Brasil aos EUA. O embaixador do Brasil no Irã, Rodrigo Santos, está de férias. O Ministério das Relações Exteriores não deu informações sobre a conversa.
“Informamos que a Encarregada de negócios do Brasil em Teerã, assim como representantes de países que se manifestaram sobre os acontecimentos em Bagdá, foram convocados pela chancelaria iraniana. A conversa, cujo teor é reservado e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática”, afirmou o ministério.
O presidente Jair Bolsonaro inicialmente não comentou sobre a posição dos EUA, se recusando a opinar, “Não tenho o poderio bélico que o americano tem para opinar neste momento. Se tivesse, eu opinaria”, disse ele.
Pouco depois, o Itamaraty divulgou uma nota oficial defendendo os EUA. No texto, além de dizer que o Brasil apoiava a “luta contra o flagelo do terrorismo”, o ministério ressaltou que o país estava acompanhando com atenção os desdobramentos da ação dos EUA no Iraque. “O Brasil apela uma vez mais para a unidade de todas as nações contra o terrorismo em todas as suas formas”, disse a nota.
No conteúdo do texto, Itamaraty ainda condenava a invasão da embaixada dos EUA em Bagdá, além de afirmar que o país estava pronto para participar dos “esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento”.
Teerã é um dos grandes parceiros comerciais de Brasília. O país é o maior comprador de milho brasileiro e está entre os maiores importadores de soja e carne bovina do Brasil. Sendo assim, o apoio brasileiro aos Estados Unidos pode ter consequências sérias ao comércio exterior.
Soleimani, figura-chave da crescente influência iraniana no Oriente Médio, morreu na última sexta-feira, juntamente com Abu Mehdi al-Muhandis, o número dois da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, conhecida como Forças de Mobilização Popular, além de outras seis pessoas.
O Irã prometeu vingança aos EUA, após o ataque e a morte do comandante militar, também anunciou que deixará de respeitar os limites impostos pelo acordo nuclear assinado em 2015, que já estava enfraquecido pela retirada unilateral dos Estados Unidos do trato, em maio de 2018.
Fonte: CM7.
Foto: Reuters.
Redação por Débora Almeida

