Manaus | 20 de Março de 2020 (Sexta-feira)
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), fez nesta sexta-feira (20) duras críticas ao governo federal na condução do combate ao avanço do coronavírus no país.
Witzel disse que a gestão Jair Bolsonaro está “em passo de tartaruga” e apontou uma falta de diálogo entre a União e os governadores. A fala foi uma resposta à crítica do presidente ao decreto que o governador editou na quinta, indicando o fechamento das divisas do estado para o transporte de passageiros -medida que depende de aprovação de agências federais.
“Nós não temos [governadores] diálogo com o governo federal. Não sou só eu. Os governadores para se comunicar com o governo federal precisa mandar uma carta”, disse Witzel ao programa RJTV, da TV Globo.
O governador do Rio de Janeiro declarou que editou o decreto com medidas que dependem das agências federais para serem efetivadas a fim de apontar soluções.
“São os nossos hospitais que serão impactados e o governo federal ainda em passo de tartaruga. Só fiz o decreto para que o governo tome ciência das medidas que precisam ser adotadas e, de uma vez, acorde. É necessário acabar com essa atitude antidemocrática e ouvir os governadores”, disse Witzel à Globonews.
Nesta quinta (19), Witzel baixou um decreto determinando que, a partir da meia-noite de sábado (21), a circulação de transporte interestadual de passageiros com origem em São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Distrito Federal estará suspensa.
O documento também breca a operação aeroviária de passageiros internacionais ou nacionais com origem nesses mesmos estados -como a ponte aérea Rio-São Paulo, por exemplo-, mas não afetará operações de carga aérea.
“Tem certos governadores que estão tomando medidas extremas, que não compete a eles, (como) fechar aeroporto, fechar rodovias. Não compete a eles fechar shopping, etc, a feira feira dos nordestinos no Rio de Janeiro, que está para fechar”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro disse que ficou “preocupado” com o decreto de Witzel.
“Parece que o Rio de Janeiro é um outro país, não é um outro país. Isso aqui é uma federação. Temos que tomar medidas equilibradas, porque cada vez mais leva o pânico para a companhia aérea. O pessoal mais pobre daqui a pouco vai ter problema de saque”, afirmou.
Na avaliação do presidente, o fechamento de comércios pode gerar a falta de oferta de alimentos. “O comércio para e o pessoal não tem o que comer. O vírus, em alguns casos, mata. O vírus mata, sim”, disse o presidente. Para ele, muitas mortes vão ocorrer pela falta de comida em decorrência da crise.
Foto: Sérgio Lima/Poder360.
Fonte: FOLHAPRESS.