Manaus | 29 de junho, 2020 | Segunda-feira
A corregedora-geral do MPF (Ministério Público Federal), Elizeta Maria de Paiva Ramos, determinou nesta segunda-feira (29), a abertura de sindicância para apurar as circunstâncias da ida de uma das principais auxiliares do procurador-geral da República, Augusto Aras, a Curitiba na semana passada.
A subprocuradora Lindora Araújo, coordenadora do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR (Procuradoria-Geral da República), esteve na capital paranaense entre os dias 23 e 25 para um encontro com integrantes da força-tarefa da operação.
A visita ao QG da Lava-Jato motivou reação por parte de seus integrantes. Eles questionaram a iniciativa de Lindora Araújo, acusando-a, em ofício enviado à Corregedoria do MPF, de realizar manobra ilegal para copiar bancos de dados sigilosos de investigações de maneira informal e sem apresentar documentos ou justificativas para a tomada dessa providência.
Segundo a força-tarefa, não houve comunicação de qual seria a pauta da reunião. Os procuradores afirmaram que “não foi formalizado nenhum ofício solicitando informações ou diligências, ou informando procedimento correlato, ou mesmo o propósito e o objetivo do encontro”.
Além disso, disse ainda a Lava-Jato em Curitiba, não se soube se ida da subprocuradora a Curitiba foi de natureza “administrativa, correicional ou finalística”.A partir desta reclamação, a corregedora-geral decidiu apurar o caso. A sindicância, que correrá de forma sigilosa, será feita tanto pela “ótica do fundamento e formalidades legais da diligência quanto da sua forma de execução”, afirmou o documento assinado por Elizeta Ramos.
A apuração da corregedora servirá também para esclarecer a existência de equipamentos utilizados para gravação de chamadas telefônicas recebidas por integrantes da equipe da força-tarefa, incluindo integrantes e servidores.
A PGR sustentou na semana passada que a visita da auxiliar de Aras ao Paraná consistiu de uma visita de trabalho. Desde o início das investigações, afirmou a procuradoria, há um intercâmbio de informações entre a cúpula do MPF e as forças-tarefas da Lava Jato nos estados. “[Elas] atuam de forma colaborativa e com base no diálogo”, afirmou em comunicado à imprensa.
Aras chegou ao posto com um discurso de que era preciso conter “excessos” cometidos pela operação. Pouco dias antes, a antecessora do atual PGR, Raquel Dogde, havia prorrogado a força-tarefa de Curitiba por mais um ano. Foi a quinta vez que o grupo foi prorrogado desde sua criação em 2014.
Foto: Agência Senado