13 de Novembro de 2020 | Sexta-feira | Manaus-AM
Ricardo Nicolau viu na pandemia de covid-19 uma oportunidade de antecipar em meses a campanha eleitoral para a prefeitura de Manaus. É o que diz o mais recente artigo do The Intercept Brasil, publicado nesta sexta-feira (13).
Com a família sendo dona da maior rede de hospitais privados do Amazonas, a Samel, que ficou responsável pela administração do Hospital de Campanha Municipal Gilberto Novaes, montado às pressas em abril por meio de uma parceria público-privada com a prefeitura de Manaus, Nicolau aproveitou da doença para se espalhar pela capital e se projetar como um “salvador”.
O deputado do PSD chegou a se abster das obrigações de seu cargo para se “dedicar integralmente ao combate ao coronavírus na função de diretor da Samel”, e aproveitou o acesso privilegiado ao interior do hospital de campanha para gravar imagens que hoje são usadas na sua propaganda eleitoral.
Nas imagens, que aparentam ter sido filmadas por profissionais, o candidato aparece vestido de branco, visitando pacientes, como se fosse um dos médicos do local – dando a entender que foi o responsável pelo tratamento das centenas de pacientes que passaram pelo hospital. A estratégia fez Nicolau subir nas pesquisas e ter a chance de disputar o segundo turno para a prefeitura de Manaus.
Há ao menos dez processos em curso contra o candidato movidos por seus adversários no pleito, citando o uso que ele tem feito da Samel e de sua atuação no hospital durante a campanha.
Embora o candidato insista em dizer, nos seus programas eleitorais, que tem “mais de 30 anos que trabalho dentro do hospital” e que montou “em quatro dias um hospital de campanha com 180 leitos” a maior trajetória de Nicolau passa longe da área da saúde.
Antes da pandemia, o agora candidato não era diretor da Samel, mas passou a ostentar o título desde que se licenciou do cargo de deputado no começo da pandemia. Ele tampouco é médico e sequer possui ensino superior completo, como consta no site do TSE.
O mais pobre dos candidatos
Nicolau é um dos candidatos com menor patrimônio declarado à justiça eleitoral. O candidato diz que possui apenas dois carros nos valores de R$ 27 mil e R$ 69 mil e uma empresa de construção com capital de R$ 200 mil.
Em outubro, Nicolau moveu uma ação contra o jornalista Dante Graça, a Rede Calderaro de Comunicação, o Facebook e o Twitter para que fosse excluída uma matéria jornalística publicada no site e no jornal A Crítica e compartilhada nas duas redes sociais. O texto dizia que Nicolau havia chegado ao debate promovido pela afiliada da Band do estado no dia 1º de outubro “a bordo de um Jeep Compass, SUV de luxo que tem preço inicial de R$ 128 mil”, um valor bem maior do que os veículos declarados como bens.
Apesar do baixo patrimônio declarado, Nicolau é o candidato que mais pretende gastar com a campanha. Até agora ele contratou R$ 5,5 milhões em despesas, de acordo com a prestação de contas parcial disponível no DivulgaCand. Ao todo, Nicolau já recebeu oficialmente mais de R$ 3 milhões, contando com as doações do seu advogado Cleuter, do irmão Alberto Nicolau e do diretório do seu partido.
Fonte: The Intercept Brasil.

