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Startups veganas ampliam produção e querem competir com frigoríficos

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As startups brasileiras que buscam replicar alimentos de origem animal a partir de plantas vêm chamando a atenção de investidores e expandindo suas operações no país e no exterior.

Essas empresas prometem investir em pesquisa para criar produtos com aparência e sabor próximos aos de carnes, leite e derivados. Com isso, buscam atrair, além de veganos e vegetarianos, pessoas que buscam reduzir o consumo de proteína de origem animal procurando hábitos mais sustentáveis e saudáveis, diz Heloisa Guarita, sócia da consultoria RG Nutri e investidora neste mercado.

“Será preciso mudar toda a forma de alimentar a população e plantar mais até 2050 para conseguir alimentar o mundo em meio às mudanças climáticas”, afirma. O investimento mais recente do setor, cujo valor não foi divulgado, foi captado pela empresa NoMoo, que produz itens como queijo, requeijão e creme de leite a partir de castanhas de caju. A companhia chamou a atenção do fundo americano Lever VC, especializado em substitutos para a carne animal, que apostou nas gigantes do mercado internacional Beyond Meat e Impossible Foods. A rodada foi liderada pela gestora DXA Invest e teve participação do técnico de vôlei Bernardinho.

Com os recursos, a empresa deve partir de uma fábrica de 240 metros quadrados para uma de 1.600 metros quadrados. Com isso, a produção potencial passa de 7,5 toneladas para 100 toneladas por mês, diz Marcelo Doin, sócio da startup, que, depois de deixar a advocacia, fez cursos de gastronomia em Nova York até chegar a técnica que, segundo ele, permite a quebra das moléculas da castanha para que possam ser digeridas por bactérias similares às que participam da produção do queijo animal. A empresa já exporta para Portugal e, com os novos investidores, se prepara para levar produtos aos Estados Unidos, começando por Miami.

Outra empresa de destaque no mercado, a Fazenda Futuro, que tem linhas que simulam carnes bovina, suína, de frango e peixes a partir de vegetais, deve ter a maior parte de seu faturamento oriundo de exportações a partir do ano que vem, segundo seu sócio Marcos Leta. A companhia envia seus produtos a cerca de 25 mercados. Desde a fundação da empresa, em 2019, o plano já era aproveitar vantagens competitivas do Brasil na agricultura para enviar produtos congelados para o mercado internacional. “Nos Estados Unidos, onde estamos chegando, nossas concorrentes têm um custo maior para produzir lá”, afirma. Segundo Leta, 95% dos consumidores dos produtos da Fazenda Futuro não são vegetarianos. “Não montamos a Fazenda Futuro para competir com as indústrias veganas. Criamos para competir com frigoríficos.”

Em 2020, a startup captou R$ 115 milhões em investimento liderado pelo BTG. Antes, já havia recebido aporte da Monashees, um dos fundos mais tradicionais do mercado de tecnologia brasileiro. Além de vender suas carnes vegetais em supermercados, a The New (antiga The New Butchers) entrou no mercado de entrega de refeições neste mês, com pratos a partir de R$ 20.
Uma queixa frequente do setor plant based é que, pelas empresas ainda terem uma escala de produção pequena e não receberem os mesmos benefícios fiscais que a carne animal, seus produtos por vezes perdem competitividade.

Por outro lado, Bruno Fonseca, sócio da The New, diz acreditar que, no futuro, a situação deve se inverter. “A produção de carne de planta é mais simples e rápida, então a tendência é que, conforme o setor cresça, nosso preço fique consideravelmente abaixo do preço da proteína animal.” A companhia também leva aos supermercados neste mês uma versão reformulada de seus produtos. Um dos principais objetivos com a nova receita, que é baseada em lentilha, ervilha e arroz, é reduzir a quantidade de sódio e gordura saturada nos produtos, diz Fonseca.

“Temos cientistas de alimentos que passam o dia buscando novas fórmulas. Como é uma técnica nova, damos esses saltos impactantes com mais frequência do que a indústria tradicional”, diz. A companhia também recebeu investimento do Lever VC, em maio. A parceria facilita a internacionalização da marca, que está nos planos da empresa, mas apenas após ampliar sua participação no mercado brasileiro, diz o empresário.

Na chilena NotCo, a inteligência artificial que é usada para sugerir combinações de ingredientes para chegar a um resultado próximo aos alimentos que busca emular ganhou o nome de Giuseppe. A companhia oferece itens como hamburguer, leite, maionese e sorvete. A startup captou US$ 235 milhões em julho. Os recursos servirão para a ampliação do negócio no Brasil e nos Estados Unidos.

Outra startup do segmento, a Beleaf, se especializou em entregar refeições congeladas feitas com ingredientes plant based. Fernando Bardusco, sócio da empresa, diz que busca tornar a alimentação sem carne fácil e acessível para quem está disposto a reduzir o consumo de proteína animal. “Nossa ideia é que você ligue o microondas e, sujando só o talher, tenha uma refeição completa”, afirma.

O empresário afirma que a pandemia acelerou os negócios da startup. Os consumidores ficaram mais preocupados com sua alimentação no período em que estiveram mais em casa, afirma.
Em junho, a startup captou R$ 12 milhões para expandir seus negócios. A companhia aposta agora em levar seus produtos para mais mercados. Seus centros de distribuição para refeições estão em cidades como São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte.

Por Filipe Oliveira/FOLHAPRESS

Redação por Bernardo Andrade

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Eric Lima

Criador do Portal Pontual

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

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