sexta-feira, outubro 24, 2025
HomeMundoRússia anuncia fim de exercícios militares na Crimeia

Rússia anuncia fim de exercícios militares na Crimeia

Publicado em

Artigo Relacionado

Filme Ainda Estou Aqui conquista o 1º Oscar para o Brasil

Na noite do dia 02, neste domingo, aconteceu o Oscar 2025, a premiação mais...

O Ministério da Defesa da Rússia anunciou nesta quarta (16) que encerrou os exercícios militares que ocorriam na península da Crimeia, anexada por Moscou na esteira da queda do governo pró-Kremlin em Kiev há oito anos.

Para provar o que disse, a pasta publicou um vídeo com imagens de caminhões militares e trens carregando tanques e blindados passando pela ponte inaugurada em 2018 por Vladimir Putin que liga a península ao continente -a Crimeia é isolada fisicamente da Rússia.

Não está claro, contudo se tal desmobilização faz parte daquela que havia sido anunciada pelo governo Putin na véspera. Segundo o ministério, algumas forças dos distritos militares Sul e Sudeste voltariam para suas bases após o fim de manobras.

Foi um recuo calculado por Putin para dar credibilidade à suas falas que misturam desafio geopolítico ao Ocidente e vontade de negociar, que foram resumidas no encontro que teve na terça (15) com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz.

O anúncio foi bem recebido pelo alemão, de resto um líder interessado em manter bom contato econômico com a Rússia por depender do gás natural do país, mas visto com ceticismo em outros lugares. O presidente americano, Joe Biden, disse por exemplo que saudava o movimento, mas que ele ainda “precisa ser verificado”.

Não será com um vídeo postado no YouTube que isso se resolverá, é evidente, mas a iniciativa russa é de dar mais transparência a seus anúncios, simbolicamente.

Se isso será comprado no Ocidente, é outra história. Biden, no mesmo discurso feito na tarde de terça nos EUA, disse que Putin já conta com 150 mil soldados em torno da Ucrânia.

Nesta quarta, a ministra canadense da Defesa, Anita Anand, disse em visita à sede da Otan em Bruxelas que as evidências são de que ainda há um aumento no número de forças russas.

No mar Negro, que banha a área conflituosa, navios russos estão fazendo manobras com tiro real durante a semana toda.

Por outro lado, o governo de Belarus disse, em entrevista de seu chanceler Vladimir Makei, que “não sobrará um soldado russo” em seu território após o dia 20, quando acabam as temidas manobras conjuntas entre os dois países.

Há 30 mil homens de Putin no país, o que levou o Ocidente a anunciar que uma invasão seria iminente, dado que a posição de forças ao norte da Ucrânia se somava àquelas ao sul e ao leste.

A pressão do russo, que sempre poderá dizer que negou querer invadir a Ucrânia o tempo todo, começou em novembro.

Ela parecia se referir a um problema antigo, de 2014, que é o status das áreas de maioria russa no leste do país, o Donbass, que ficaram autônomas nas mãos de separatistas depois que uma guerra civil irrompeu com o auxílio do Kremlin, na esteira da anexação da Crimeia.

Logo ficou claro que Putin queria mais: uma solução que impedisse a expansão da Otan (aliança militar ocidental) para suas fronteiras, nominalmente com a adesão proposta em 2008 à Ucrânia e à Geórgia.

O russo tem uma carta diplomática, que são os Acordos de Minsk, cuja segunda versão foi assinada em 2015 e garantiu um cessar-fogo algo mambembe na região.

Mas Kiev não quis implementá-lo integralmente porque, na leitura feita por Moscou, ele federaliza a Ucrânia e dá voz aos separatistas -logo, nada de adesão à Otan.

Além da questão militar, que passa pelo temor histórico russo de invasões via Europa, há subjacente a questão política de que a Ucrânia também quer entrar na UE (União Europeia). Foi a pressão feita pelo Kremlin contra um acordo entre Kiev e o bloco em 2014, aliás, que precipitou a derrubada do governo aliado de Putin no país.

Desde que foram separadas com o fim da União Soviética em 1991, Ucrânia e Rússia vivem um balé. Ora Kiev está mais próxima de Moscou, com quem divide a formação cultural e linguística, ora do Ocidente -centrado nas elites do oeste do país, em oposição às áreas russas étnicas do leste e sul.

Em 2004, a Ucrânia viveu uma “revolução colorida”, termo ocidental para protestos pró-democracia que são vistos em Moscou como golpes contra sua influência estimulados pelo Ocidente. Não deu certo, e o país voltou a orbitar o vizinho maior, até chegar à crise de 2014.

Putin não quer uma Ucrânia na esfera ocidental, particularmente na Otan mas também na UE, também porque isso poderia animar a oposição russa que ele esmagou sistematicamente nos últimos dois anos.

Assim, questões geopolíticas confluem com as domésticas na crise, embora os temas em relação à segurança no Leste Europeu por óbvio se sobreponham.

Por Igor Gielow/FOLHAPRESS

Foto: Divulgação

Redação por Bernardo Andrade

Últimos Artigos

Comissão vai a Belém conferir preparativos para COP30

A Subcomissão Temporária que acompanha os preparativos para realização da COP30 se reuniu pela...

Cepcolu completa quatro meses com quase 2 mil atendimentos e sem fila para cirurgias

O Centro Avançado de Prevenção ao Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu),...

Com apoio do Governo do Amazonas, pesquisa inclui robótica no processo de ensino-aprendizagem de estudantes da educação básica

Ensinar robótica com o uso de metodologia Problem-based Learning (PBL), que estimula os alunos...

Primeira patente do ILMD/FiocruzAmazônia é concedida pelo INPI, referente a equipamento de análise de material genético em amostras biológicas

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), por meio do Núcleo de Inovação...

Eric Lima

Criador do Portal Pontual

Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na área de concentração de Epidemiologia de Agravos e Prevalentes na Amazônia pelo instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/FIOCRUZ), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Universidade Federal do Pará (UFPA - 2013). Tem experiência em pesquisa na área de Epidemiologia, Saúde Coletiva com ênfase em Saúde Pública, Avaliação de Serviço em Saúde e Saúde Baseada em Evidências, desenvolvendo estudos nos temas: Tuberculose, Resistência aos fármacos, Tuberculose Multirresistente, Coinfecção TB/HIV.

Mais artigos como este

Comissão vai a Belém conferir preparativos para COP30

A Subcomissão Temporária que acompanha os preparativos para realização da COP30 se reuniu pela...

Cepcolu completa quatro meses com quase 2 mil atendimentos e sem fila para cirurgias

O Centro Avançado de Prevenção ao Câncer do Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu),...

Com apoio do Governo do Amazonas, pesquisa inclui robótica no processo de ensino-aprendizagem de estudantes da educação básica

Ensinar robótica com o uso de metodologia Problem-based Learning (PBL), que estimula os alunos...