Nesta terça-feira, 28, boa parte dos vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) direcionou os discursos do Grande Expediente para fazer críticas à cantora Anitta. Em uma entrevista realizada antes de subir ao palco do Rock in Rio Lisboa no último fim de semana, a artista disse que a Amazônia era uma “grande terra de ninguém”.
Desde então, a cantora foi duramente criticada, principalmente pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma moção de repúdio oral contra a fala proposta pelo vereador Peixoto (PTC) foi aprovada pelo plenário.
“Aí vai uma pessoa ‘rebolada’ da cabeça, equivocada de todas as maneiras, de péssima qualidade de cidadão brasileiro, querer mandar recadinho imbecil sobre o nosso Amazonas e da nossa Amazônia, como se fôssemos qualquer coisa para o ‘remelexo’ dela julgar. Eu lamento e deixo meu repúdio a esse fato, a esses inimigos do Brasil que se utilizam do país para ganhar dinheiro e utilizar palanque de oportunistas indevidos, de postura lamentável, vergonhosa e desprezível que essa pseudoartista fez contra nosso país”, criticou o apoiador de Bolsonaro na Casa Legislativa, Marcel Alexandre (Avante).
Kennedy Marques (PMN), Alemão (Cidadania), Eduardo Alfaia (PMN), Elan Alencar (Pros), Lissandro Breval (Avante) e Caio André (PSC) também criticaram.
Em sua fala, Peixoto chegou a se referir à Anitta como “a cantora que tem nome de remédio para verme”. O parlamentar criticou a generalização da artista ao citar algumas gafes, ressaltou que ela erotiza mulheres, que só busca lucros e disse que os Estados da Amazônia legal não são descuidados. “As mortes do indigenista e do jornalista britânico são sim uma tragédia. As autoridades estão concluindo as investigações. O que acontece lá precisa ‘ter um olhar’. Quando essa cidadã fala que é uma ‘terra sem lei’, ela coloca o Judiciário, os Ministérios Públicos Estadual e Federal, a Polícia Federal e as pessoas que aqui vivem nada fazem. Graças a Deus que a declaração dela foi um dia após o Festival Folclórico de Parintins, porque se tivesse sido uma semana antes não sei como seria a tragédia para aquele município”, criticou o parlamentar ao dizer que a cantora expôs os amazônidas “ao ridículo” e que segue uma “politicagem barata”.
“A Anitta comentou uma parte errada e uma parte certa. Eu moro no Amazonas há 24 anos e não conheço todo. Vemos que no interior tem ‘cantos’ que você não entra, os garimpeiros não deixam. Eles matam indígenas e pais de família para tomar suas terras. Ela falou besteira, mas tem parte no Amazonas que é do jeito que ela fala porque quem manda lá são os traficantes e garimpeiros. Mataram o repórter e o indigenista. De vez em quando, vemos indígenas sendo mortos. Ela errou quando falou que o Amazonas é total sem lei, mas se tivesse falado sobre algumas partes da Amazônia…”, defendeu Sassá da Construção Civil (PT) ao lembrar que o problema dos garimpeiros é antigo.
“Infelizmente, não muda porque a Câmara Federal e o Senado não fazem leis. Se o presidente achar que o projeto é de relevância, ele assina”, criticou o petista.
Bessa (SD) criticou o presidente Bolsonaro ao dizer que ele “virou de costas para a Amazônia” e que a cantora foi infeliz em sua fala. Já o Capitão Carpê Andrade (Republicanos) explicou um pouco do que é a Segurança Pública no Amazonas e as dificuldades enfrentadas em monitorar um Estado grande.
Polêmica
A cantora Anitta se apresentou no palco do Rock in Rio Lisboa no último domingo, 26. Porém, antes de começar a apresentação, a artista concedeu entrevista aos veículos que estavam fazendo a cobertura do evento.
“A Amazônia é uma grande terra de ninguém, uma grande bagunça, lá acontece de tudo, ninguém vê nada. É uma coisa que precisa de atenção, e realmente quem se expõe para falar acaba morto, acaba com a família torturada, acaba tomando um cala boca de algum jeito”, disse.
O comentário causou polêmica e Anitta tem sido alvo de ataques, principalmente dos apoiadores do presidente, desde então.
Por Priscila Rosas/O Poder
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